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Texto: Allan de França Publicado em

Não é difícil encontrar alguém que pensa em morar fora do País. Diante do aumento da violência nas grandes cidades e dos impostos que não são revertidos em benefícios para o cidadão, cada vez mais pessoas cogitam ir embora do Brasil e imigrar em uma nova cultura para conseguir viver melhor.

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Apesar da grande vontade, os possíveis imigrantes ainda têm os mais diversos medos, que vão desde a barreira da língua até a questão da alimentação, passando pela saudade da família e amigos. No entanto, mesmo para os mais corajosos, ir embora não é apenas arrumar a mala e embarcar no avião, é necessário 'se desfazer' da vida em solo brasileiro para começar uma nova no destino escolhido, o que nem sempre é fácil.

Foi para tentar levar uma vida mais simples e tranquila que Suzana Lima quis ir embora do Brasil. A publicitária revela que a busca por oportunidades melhores também influenciou, mas foi a qualidade de vida de um país de primeiro mundo que bateu o martelo.

Suzana Lima mora no Canadá pela segunda vez. A publicitária agora faz uma nova faculdade no país Foto: Reprodução/Instagram

Ela conta que a opção sempre foi o Canadá, tanto pela formação multicultural do país, como pela receptividade a imigrantes. Os Estados Unidos até foram cogitados, pois ela já tinha participado por três vezes de programas de intercâmbio da Disney, mas a opção foi deixada de lado, já que o país governado por Donald Trump não é tão receptivo.

A vontade de sair do País não é recente. Suzana revela que morou em Toronto, capital da província canadense de Ontário, em 2013, mas teve que voltar para o Brasil pois o visto de estudo e trabalho que conseguiu na época era de apenas 8 meses e ela não queria ficar ilegal no destino. "Três meses antes do meu visto vencer, fiz a solicitação de extensão, mas exatamente naquela época, o Canadá estava passando por uma grande mudança no seu processo de imigração, o que atrasou muito o meu".

Tudo de novo

O processo na segunda tentativa foi semelhante. "É burocrático, você precisa mostrar vínculos com seu país e a razão dos seus estudos e ser consistente na história que você conta para o consulado". A publicitária lembra que a parte mais desafiadora foi a comprovação financeira, já que o país exige que o imigrante tenha capacidade de se sustentar no primeiro ano, mesmo sem ter renda no Canadá.

Suzana pontua que um dos pontos mais estressantes é a espera pela resposta sobre o pedido de visto, que segundo o site do governo canadense é de até dois meses, mas que no caso da publicitária levou o dobro do tempo. Para que tudo desse certo, ela preferiu não arriscar e contratou uma empresa especializada em vistos que, segundo afirma, ajudou bastante no processo.

Os cuidados com a saúde são diferentes dos que tinha em Fortaleza. Agora, no inverno, ela tem que tomar vitamina D para ajudar seu corpo a manter o humor e a disposição Foto: Reprodução/Instagram

Se despedir da família e dos amigos pela segunda vez não foi fácil para a publicitária, principalmente dos mais próximos. "Foi difícil contar para minha mãe que passaria um tempo fora estudando. Tivemos que ter muito diálogo, mas com muito cuidado ela entendeu e aceitou bem".

A mudança também foi complicada, porque diferente da primeira vez, que o visto era de apenas 8 meses, dessa vez Suzana foi fazer uma nova faculdade com um visto de quatro anos. "Quando cheguei em Vancouver, vivi um pouco de luto por tudo que deixei para trás". Ela recorda que, como chegou na cidade durante o verão, a estação ensolarada amenizou um pouco a saudade, pois a cidade fica "incrivelmente linda".

"Você tem que vir espiritualmente e psicologicamente preparado para recomeçar de baixo", revela a imigrante sobre o começo da vida. Ela pondera ainda que, diferentemente do Brasil, na cidade canadense os cuidados são diferentes dos tomados em Fortaleza, em relação ao sol, por exemplo. "Em Vancouver chove muito, então quando chega o inverno é importante suplementar com vitamina D para ajudar seu corpo a manter o humor e disposição".

Apesar da situação político-econômica-social que o país vive, Suzana revela que voltaria a morar no Brasil. "Por mais difícil que esteja, você sente falta da família e dos amigos".

Êxodo

Marcelo Glacial cresceu consumindo a cultura norte-americana. O administrador de empresas nunca fez um curso de inglês, foi através de filmes, séries e músicas que aprendeu a língua. "Me identificava mais com aquele estilo de vida do que com o que eu vivia no Brasil", explica.

A vontade de morar fora aumentou ainda mais quando um grande amigo dele imigrou para o Canadá há quase 20 anos. "Sempre conversamos sobre o país, a cultura, as pessoas, as belezas naturais e acima de tudo, sobre o estilo de vida: mais pacato, seguro e com maior qualidade".

Glacial conta que ter amigos no país onde pretende morar é crucial para a adaptação inicial ser mais fácil. Na foto, ele posa ao lado da esposa Foto: Reprodução/Instagram

Em 2016, Marcelo e a esposa decidiram seguir o sonho de morar em outro país, experimentar uma cultura diferente e mudar de vida. "Ela iria cursar uma especialização de dois anos no Canadá, assim eu receberia o meu visto de trabalho".

O casal preferiu esperar os vistos chegarem para informar às famílias sobre a novidade. "Meus pais sempre souberam que eu queria morar fora e sabiam que esse dia iria chegar. Foram bem tranquilos". Depois que ficou sabendo, a mãe de Marcelo pesquisou tudo sobre a cidade, as províncias e os lugares para visitar. "Hoje ela conhece mais coisas do Canadá do que eu", comenta.

Adaptação

A parte mais difícil para Marcelo foi vender seus bens e desconstruir sua história no Brasil. A chegada no novo país, entretanto, foi bem tranquila. "Em geral, o Canadá é um país extremamente aberto para pessoas que desejam abraçar o estilo de vida canadense, os valores pregados aqui e quem estiver disposto a estudar, trabalhar e amar essa terra como seu novo lar".

Eles escolheram morar em Ottawa, mesma cidade do amigo de infância de Marcelo. "Fomos bem recebidos. Ter amigos no novo país é fundamental para a adaptação, pois você não 'chega' de paraquedas". Segundo o administrador de empresas, que hoje trabalha como desenvolvedor web, em pouco tempo eles, os amigos tornam a sua nova família.

O Canadá tem dezenas de processos de imigração que vão depender do seu tipo de trabalho, do nível de inglês e da província que você escolheu para iniciar a nova vida".
Marcelo Glacial

Como já estão instalados no país, o próximo passo é iniciar o processo de imigração no Canadá. No Brasil, Marcelo tinha um cargo de chefia, mas entende que, com a mudança, precisa começar de baixo. "Quando você muda de país, tem de recomeçar. Não dá pra chegar aqui querendo ser Gerente de TI sem conhecer nem o seu vizinho primeiro".

A nova vida de Marcelo não lhe deu apenas um país novo. No Canadá ele busca uma recolocação na sua antiga função, antes de se tornar gerente: desenvolvedor e designer para internet focado em Wordpress.

Residência

O objetivo do casal quando se mudou era de fato ficar. Para conseguir a residência permanente no país, o imigrante precisa primeiro entrar no país legalmente. "O Canadá tem dezenas de processos de imigração que vão depender do seu tipo de trabalho, do nível de inglês e da província que você escolheu para iniciar a nova vida".

Marcelo e a esposa escolheram um processo que envolve a experiência de trabalho e estudo. "Com essa vivência, agregamos mais conhecimento à nossa vida profissional e a partir daí ganhamos mais pontos para ficarmos com uma boa pontuação no Express Entry", finaliza otimista.

Nova vida

O jornalista Pery Negreiros e sua esposa, a também jornalista Lorena Alves, até pensam em um dia morar fora do Brasil, mas antes de tomar uma decisão definitiva, preferiram fazer uma espécie de 'test drive' no Canadá.

Pery e a esposa, Lorena, em Vancouver, na província canadense da Colúmbia Britânica Foto: Igor Grazianno

"Passamos quatro meses lá para fazer um curso de inglês, tínhamos o desejo de aprimorar nossa fluência na língua por intermédio de uma imersão na cultura canadense", conta Pery. Ele ainda explica que a ideia era melhorar os conhecimentos enquanto sentiam a rotina do país, já que tinham receio de algum arrependimento no processo caso tentassem imigrar de imediato.

A escolha pelo destino veio após muita pesquisa. A multiculturalidade do Canadá e a boa receptividade foi, segundo Pery, um fator decisivo. Como o objetivo não era ficar no país e nem trabalhar enquanto estudavam, o casal optou pelo visto de turista, que é bem mais simples e fácil de conseguir do que um visto com permissão de trabalho, por exemplo.

O jornalista acredita que qualquer experiência cultural ou vivência em outro país é um ótimo diferencial, até para o currículo profissional. Apesar disso, largar um emprego estável para fazer um curso de línguas no exterior sem ter um plano bem definido para a volta deixou seus pais apreensivos a princípio. "Quando expliquei, eles entenderam que estava fazendo aquilo com um bom amparo financeiro, tinha guardado dinheiro suficiente até retomar minha carreira na volta ou mesmo se resolvesse mudar de rumo", esclareceu.

A chegada

Quando embarcaram na aventura, Pery e Lorena estavam completando uma semana de casados. "Nossa ideia era aproveitar e curtir a lua de mel no caminho até Vancouver, cidade onde faríamos o curso". O casal entrou no Canadá por Toronto uma semana antes do início das aulas, já com o objetivo de aproveitar a cidade. Eles desembarcaram no fim do outono de 2016, uma das estações que desejavam ver de perto, e tiveram a sorte de aterrissar no dia do Halloween. "Tudo estava enfeitado, as casas decoradas... Ou seja, nosso processo de imersão cultural começou muito bem".

Pery e Lorena na casa da família canadense que os recebeu Foto: Arquivo pessoal

Para mergulhar ainda mais na cultura do Canadá, em Vancouver eles optaram por ficar na casa de uma típica família canadense. "Nossa ideia era passar o primeiro mês nessa casa para depois decidirmos se buscaríamos outro lugar, mas eles foram tão maravilhosos e nos sentimos tão em casa que resolvemos ficar por lá nos outros três meses". Durante o período, o casal conseguiu conhecer bem a rotina da cidade, como funcionava o transporte público, quais as melhores formas de lazer, especialmente as gratuitas, e como proceder em dias mais frios já que, segundo Pery, nevou muito mais que o normal naquele inverno.

Apesar da falta que sentiu de amigos e familiares, o jornalista revela que o intercâmbio foi fundamental para começar a entender que é importante saber conviver com o sentimento de saudade. "Foi uma experiência de valor inestimável".

Pery explica que a viagem não serviu apenas para vivenciar o país e melhorar a língua inglesa. "Acabamos fazendo uma rede de contatos muito maior do que podíamos imaginar". O casal agora tem hospedagem na casa de amigos em diversos países, como Japão, Coreia do Sul, Equador, Bélgica e o próprio Canadá, o qual desejam voltar.

Vontade

Desde adolescente, Guto Castro Neto tinha vontade de fazer um intercâmbio, mas seus pais não tinham como arcar com as despesas. Depois que entrou no mercado de trabalho, a vontade do jornalista aumentou em paralelo com a necessidade de aprender inglês. Como tem uma cunhada que mora no Canadá e já tinha visitado o país duas vezes, Guto cogitou a possibilidade, pois já tinha uma referência do destino. "É um país muito amigável, com fluxo migratório intenso onde é possível coexistir com várias culturas numa mesma cidade".

O jornalista decidiu então fazer um teste. Como o objetivo seria imigrar apenas depois de experimentar o país, Guto e a esposa ficaram seis meses em Winnipeg, capital da província de Manitoba. Eles entraram no país com vistos de estudante, o que não dava direito de trabalhar. "Essa foi a parte complicada, pois foi uma temporada em que tivemos que economizar bastante, já que as despesas e custos não são tão baratos no Canadá, como muitas pessoas pensam".

Guto e a esposa em visita ao Museu dos Direitos Humanos, um símbolo de Winnipeg Foto: Arquivo pessoal

Apesar da saudade que sentiram, o jornalista conta que a família reagiu bem, chegando inclusive a encorajar a aventura de morar fora. Ele ressalta, entretanto, que, diferente de muitos brasileiros que conheceu no Canadá, a violência no Brasil e a descrença na política não foram motivos que pesaram muito na decisão de sair do País.

Choque e retorno

A chegada no Canadá aconteceu em setembro de 2017. "A mudança é um choque inicialmente, pois você meio que perde a identidade e passa a ser um estudante estrangeiro que pouco conhece da cidade". Guto afirma que, com o tempo, conseguiu identificar e gostar dos pontos positivos do destino e a evitar os negativos.

Para ele, o melhor de tudo foi quebrar as barreiras da língua e passar a compreender muito melhor conversas e textos em inglês. "Volto com a vontade de nunca mais parar de estudar línguas estrangeiras".

O casal em companhia dos colegas do curso de inglês andando de patins no gelo Foto: Arquivo pessoal

Apesar de ter curtido a experiência de morar fora, ele não imaginou que a saudade mexesse tanto com o casal. "Eu sabia que sentiria, mas não imaginava que seria nessa intensidade. A distância do Brasil para quem tem 36 anos e já construiu sólidos círculos de amizade e para quem tem uma excelente relação com a família é algo muito doloroso".

O clima também pesou na decisão de voltar. O jornalista esclarece que escolheu fazer o curso durante o inverno do país exatamente para testar as baixas temperaturas canadenses. "O frio é muito rigoroso e depois de duas semanas a paisagem branca de neve perde a graça". O período morando fora também serviu para 'desrromantizar' a vida no exterior, pois percebeu que existem pessoas desonestas e situações injustas, assim como em qualquer lugar.

Apesar de produtiva, Guto explica que a experiência serviu para reforçar a identidade de fortalezense. "Quero ir para outros países para fazer turismo, de férias, mas meu lugar é aqui mesmo", finaliza.

Um dos motivos que pesou na decisão de voltar foi o clima gelado, que é muito rigoroso no Canadá Foto: Arquivo pessoal

Dicas de quem conhece

Aproveitamos a passagem de Celina Hui, CEO da Immi Canadá, e Nícolas Oliveira, gerente comercial da 3RA Intercâmbio, por Fortaleza, para descobrir algumas dicas para quem sonha em morar no Canadá.

A Immi Canadá tem como proposta ajudar seus clientes, através de consultoria, a alcançarem de forma segura seus planos de imigração para o Canadá. A empresa ajuda desde o início do planejamento até a chegada do cliente no país. Veja mais detalhes em immi-canada.com

Já a 3RA Intercâmbio, parceira da Immi, tem como foco a educação. A agência trabalha com mais de 70 instituições de ensino no Canadá e disponibiliza diferentes cursos, desde cursos básicos de inglês até MBAs oferecer cursos, que se encaixam ao seu perfil. Saiba mais em 3raintercambio.com