Diário do Nordeste Plus

Tudo sobre bikes

Saiba como encontrar a bicicleta ideal para seu perfil e as dicas para manter uma prática saudável e sustentável

É inegável o crescimento do uso de bicicletas em Fortaleza. E esta é uma tendência em todo o País, onde os avanços são visíveis nos últimos anos. Localmente, apesar de faltarem dados oficiais, basta olhar as ruas. Tanto para o deslocamento cotidiano, como ir e voltar do trabalho, quanto para o lazer nos fins de semana, os ciclistas têm ocupado seus espaços nas ruas.

Contudo, ainda há desafios a serem superados. A infraestrutura melhorou muito, o respeito de motoristas também. Mas é preciso mais. O próprio usuário tem que conhecer seus direitos e deveres, além de saber cuidar da sua bicicleta e segurança. Aliás, ainda há muita falta de informação quanto à escolha do modelo ideal para cada perfil.

Mitos e verdades sobre andar de bicicleta em Fortaleza

“Quem pedala respira mais poluição!”

Falso

Um estudo realizado em Londres em 2014 comprovou que os pedestres e ciclistas respiram menos poluição que os motoristas e usuários de ônibus. Substituindo o caminho normal por vias mais calmas, esse índice para os pedestres e ciclistas cai ainda mais. Os usuários de transportes motorizados, além de estarem mais próximos aos escapamentos de seus veículos, permanecem mais tempo parados no trânsito (momento em que os veículos emitem mais poluição).

Verdadeiro
Falso
1/6

“Ciclistas são menos atropelados do que os pedestres”

Verdadeiro

O índice de atropelamentos de pedestres ainda é muito maior que o de ciclistas e mesmo assim ninguém deixa de andar a pé.

Verdadeiro
Falso
2/6

“É possível pedalar sem se incomodar com o sol de Fortaleza”

Verdadeiro

De bicicleta, a gente sua menos que a pé, ou que num ônibus sem ar condicionado. Escolhendo caminhos sombreados e com menos subidas, e se acostumando com o esforço, a gente passa a suar menos. Para os que suam demais ou percorrem caminhos mais longos, é interessante achar uma forma de tomar um banho e trocar de roupa no local de trabalho ou próximo dele. E como a maioria dos deslocamentos de bicicleta para o trabalho são relativamente curtos e no começo da manhã e fim da tarde, o suor não chega a ser uma grande preocupação.

Verdadeiro
Falso
3/6

“Não existem ciclovias e ciclofaixas suficientes!”

Verdadeiro

Nenhuma cidade no mundo tem infraestrutura cicloviária em todas as ruas e nem é necessário. Mesmo que as principais vias tivessem infraestrutura, sempre haveria parte do caminho que teria que ser compartilhado com outros veículos. A implantação de infraestrutura está aumentando, faz parte da Política Nacional de Mobilidade Urbana, e uma forma de acelerar este processo é ter mais ciclistas utilizando.

Verdadeiro
Falso
4/6

“Sempre que eu andar de bicicleta, serei assaltado!”

Falso

Existem poucos registros de assalto a ciclistas. É muito mais fácil um motorista ser assaltado com o carro parado no semáforo ou no congestionamento. O ciclista tem muito mais liberdade de movimento e um campo de visão mais amplo que o do motorista, então pode perceber uma situação de perigo de mais longe e desviar seu caminho em qualquer direção, enquanto os motoristas geralmente não têm para onde fugir.

Verdadeiro
Falso
5/6

“Andar de bicicleta exige um bom condicionamento físico”

Falso

Pedalar para deslocamento urbano é um exercício muito leve – às vezes mais leve até do que uma caminhada! Você pode manter seu próprio ritmo, começar com deslocamentos pequenos e rapidamente vai melhorando o condicionamento físico e aumentando as distâncias e velocidade. Praticamente não existem contraindicações médicas para pessoas idosas ou acima do peso ideal, pois é um exercício que não causa impacto nas articulações. O importante é lembrar: você pode ajustar seu próprio ritmo. E ainda vai lhe ajudar a emagrecer!

Verdadeiro
Falso
6/6

Você acertou de 6

Quem nunca andou de bicicleta pode apontar uma série de motivos para nunca começar. Mas a maioria dos argumentos perde força com um pouco de informação. Não é verdade?

Refazer
Fonte: Prefeitura de Fortaleza


Não há informações sobre o total de bikes comercializadas na capital cearense, mas a maior rede de artigos esportivos da América Latina registrou que em 2015 o Ceará foi o 3º Estado onde mais se vendeu esse produto, representando 8% do total comercializado no País, ficando atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo.

A Centauro não divulgou a quantidade vendida, mas o crescimento teve um salto de 33% em relação a 2014. Do total, 47% foram bicicletas de passeio e 34,3% mountain bikes.

Nos últimos anos, a estrutura cicloviária aumentou de 72,9 km para 138 km de ciclovias e ciclofaixas (+89%), com expectativa de ampliação para 216 km até o fim de 2016.

As bicicletas compartilhadas também foram bem recebidas pela população e atualmente realizam cerca de 2.600 viagens nos dias úteis e 2.100 nos fins de semana, diariamente. O sistema Bicicletar conta com 600 bicicletas em 60 estações, devendo ser ampliado para 80 ainda neste ano, segundo a Prefeitura de Fortaleza. Até 2018, a promessa é chegar a 300 pontos de retirada.

Manutenção da bicicleta é fundamental

Manter a bicicleta funcionando perfeitamente é fundamental para que os passeios não se tornem uma dor de cabeça, mas sim um prazer. Para fazer isso, é preciso tempo e dinheiro. Mas o ciclista não pode relaxar. Revisões periódicas são fundamentais para a durabilidade da bike. Uma atenção maior deve ser dada a cabos, catraca e cubos.

O ideal é fazer a limpeza após pedalar na chuva ou numa trilha cheia de lama. Mas é preciso evitar fortes jatos d'água na bicicleta, especialmente em partes onde há maior atrito, como cubos, corrente e catraca.

E as correntes? Para mountain bikes, o ideal é trocar a corrente a cada 1.500 km de uso, especialmente se ela for usada em práticas esportivas. A durabilidade dela, entretanto, está condicionada à forma como é feita a manutenção regular, o que inclui limpeza, lubrificação e condições da catraca.

Já com relação as pastilhas de freio, as mesmas nunca devem estar gastas demais. O risco para a segurança é grande. No caso de lama, por exemplo, elas podem perder o atrito e levar a graves acidentes. Além disso, se a pastilha se desgatar totalmente, o atrito com o aro causará mais prejuízos.

Por fim temos os aros. Para evitar mais esforço e desgaste, pedale sempre com os aros devidamente ajustados. Se eles estiverem tortos, irão prejudicar o desempenho e prejudicar o funcionamento dos freios. Os raios também devem estar na tensão certa.

Escolhendo o modelo

Casamento
Mara Oliveira - proprietária da Bitelli Bikes (Foto: Cid Barbosa)

Para quem quer ter a própria bicicleta, entretanto, é preciso saber definir qual modelo irá atender suas necessidades. As bicicletas urbanas, por exemplo, são as mais recomendadas para o deslocamento diário, como de casa para o trabalho, mas elas ainda são pouco conhecidas. Foi com o objetivo de informar e disponibilizar um local onde as pessoas pudessem conversar sobre o uso e experiências pedalando que surgiu a Bitelli, loja que monta e faz manutenção das bicicletas.

“A gente queria tanto um lugar em que a gente pudesse sentar, falar sobre bicicleta, trocar experiências, e estar mais em contato com a bicicleta e isso não tinha em Fortaleza. Percebendo essa falta no mercado e querendo mudar isso a gente conversou com uns amigos e em conjunto com eles pensou em abrir a loja”, explicou a proprietária Mara Oliveira.

Acessórios essenciais

Ferramenta
Ferramenta Procure uma multiuso de boa qualidade. É pequena e resolve o problema em situações mais urgentes
Câmara de Ar
Câmara de ArCarros têm estepes e se sabe o porquê. Leve sempre uma câmara extra
Bomba
BombaPreferencialmente com trava de válvula de câmara
Luzes
Luzes Além dos refletores, um bom jogo de luzes complementa a segurança nas pedaladas noturnas. Use uma branca na frente e uma vermelha atrás. Se elas tiveram a opção de piscar, melhor
Suporte e garrafa d'água
Garrafa d'água para viagens mais longas, pode-se dizer que é essencial. Hidrate-se sempre
Bolsa de selim
Bolsa de selim para levar pequenos itens, especialmente uma câmara de ar extra e ferramentas para não ficar no caminho
Velocímetro
Velocímetro Também medem a distância percorrida. É bom saber o quanto se anda. Há aparelhos mais sofisticados, que medem a distância por GPS.
Óculos
Óculos de Proteção Não apenas para usar sob o sol, mas à noite também, para evitar que algo atrapalhe sua visão ou mesmo entre no seu olho. Claro que o produto deve ser de boa qualidade. Cuida da sua visão.
Luvas
LuvasQuem pedala com cuidado e está atento aos motoristas imprudentes dificilmente vai cair da bicicleta. Mas é bom estar preparado para tudo. Um par de luvas acolchoada com um tecido que permita a circulação de ar nas mãos é recomendado
Capacete
CapaceteHá quem diga que eles são isopores cobertos. O melhor é garantir a segurança com um bom produto. O ajuste também deve ser adequado. É importante ter proteção acolchoada para a nuca e ventilação.
Tênis
Tênis É impostante usar um calçado que não escorregue e se adapte bem ao pedal. Cuidado com os cadarços. Amarre-os de forma a evitar que eles enrosquem na coroa
Espelho
EspelhoNa prática, não funcionam bem. Mas é um item obrigatório
Refletor
Refletores LateraisGeralmente as bicicletas já vêm com os itens. Eles são essenciais e devem ser de boa qualidade
Refletor
Refletores Traseiros e DianteirosGeralmente as bicicletas já vêm com os itens. Eles são essenciais e devem ser de boa qualidade.
Refletor
Refletor de PedalGeralmente as bicicletas já vêm com os itens. Eles são essenciais e devem ser de boa qualidade.
Campainha
CampainhaPodem ser aquelas clássicas mecânicas, ou até mesmo cornetas. Há ainda as eletrônicas, que chamam mais a atenção. Contudo, muitos ciclistas preferem um apito, mais estridente


Ela e o sócio Allan Araújo perceberam também que havia muita falta de informação, mesmo entre vendedores. “Quando se falava em bicicleta, a única coisa que se pensava era mountain bike, esportivas. Ninguém sabia qual usar e ninguém tinha informação para dar”, destacou Mara. “Desde o começo, o que a gente vem fazendo é informar. A pessoa chega e a gente dá uma espécie de consultoria”, continuou.

A proposta de acolhimento dos ciclistas deu certo e em poucos meses eles já são referência na cidade. Mara ressalta ainda que o interessado em ter uma bicicleta “não precisa comprar aqui. A gente só quer que ele faça a escolha certa. Até porque é uma dor de cabeça a pessoa comprar uma mountain bike e usar no dia a dia. Ela vai estragar”, explica.

E o maior estímulo dos defensores da bicicleta é o uso dela no dia a dia, para o trabalho, para os estudos e até mesmo em saídas noturnas. Quem é adepto defende a mudança de hábito, seja por benefícios à saúde, com o corpo em constante movimento; pela economia de gasolina, manutenção e estacionamento de carros, por exemplo; pelo ganho de tempo em viagens sem engarrafamentos; ou mesmo pelo benefício ao meio ambiente.

Foi isso o que fez a estudante de arquitetura Marília Aguiar. Há dois anos ela nem sequer sabia pedalar e, agora, tem na bicicleta seu principal meio de transporte, junto com o ônibus. “Depois que eu larguei o carro, minha vida mudou. Qualidade de vida mesmo. Não tenho mais estresse procurando vaga ou perdendo tempo no trânsito. A minha vida mudou de verdade”, enfatiza.

Cuidados e postura nas rua

Fonte: www.bicyclesafe.com / Bitelli


Marília também viu sua bicicleta se tornar uma “ferramenta de humanização das ruas”, pela qual tem mudado sua percepção sobre a insegurança da cidade. A conscientização de motoristas e motociclistas a favor dos ciclistas é outro ponto observado por ela. “A gentileza tem aumentado. Tem ainda desrespeito, mas está melhor”. Dentre dificuldades que ela encontra estão o desrespeito à ciclofaixa, com motos circulando e carros estacionados. “Mas são poucas situações de desrespeito”, reforça.

A estudante também estimula quem ainda não sabe pedalar a aprender. Ela dá o recado: “Para quem já é mais velho e tem medo, é muito tranquilo. A gente tem consciência do corpo, do equilíbrio, é mais rápido”, defende.