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Texto: Jacqueline Nóbrega Publicado em

No dia 2 de janeiro deste ano, a Fraport, nova administradora do Aeroporto Internacional Pinto Martins, tomou a frente das operações oficialmente. Quem esperava para embarcar ou desembarcava no local, já via a nova identidade do terminal, que até então era administrado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuário (Infraero). A promessa, segundo a assessoria de imprensa da Fraport, além da mudança na identidade visual, é melhorias no ar condicionado, iluminação, sinalização e Wi-Fi, que devem ser concluídas no 1º trimestre de 2018.

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Com as mudanças que estão por vir e também em decorrência dos 20 anos do atual Aeroporto Internacional Pinto Martins, o Diário do Nordeste Plus reuniu informações históricas sobre a criação do equipamento, os fatos peculiares e os principais voos recebidos. Confira:

Como tudo começou

A expectativa em torno de melhorias no aeroporto é grande para diversos setores, principalmente o turístico e econômico. O que pouco se sabe é que a história do Pinto Martins, no entanto, teve origem muitos anos atrás, na década de 30. Conforme material da pesquisadora e autora do site Fortaleza Nobre, Leila Nobre, tudo começou com o campo de pouso Alto da Balança, quando o aviador australiano Bert Hinckler aterrissou aqui inesperadamente, em novembro de 1931. O fato é reforçado no livro "O Aeroporto e a cidade", de Wellington Ricardo Nogueira Maciel. De acordo com a publicação "A História da Aviação do Ceará", de Augusto Oliveira e Ivonildo Lâvor, o Alto da Balança foi o marco inicial da história da aviação no Ceará. O lugar foi rapidamente reconhecido como local estratégico para a instalação de um regimento de aviação do Exército Brasileiro devido ao número de pousos e decolagens de diversas aeronaves estrangeiras que passavam pela capital cearense cumprindo escalas técnicas.

Primeiro pouso em Fortaleza

Um avião pousou pela primeira vez em Fortaleza no dia 8 de dezembro de 1927. Era um 118 da Latécoère, Compagnie Générale Aéro-Postale. O avião desceu na Praia de Iracema, em um campo de pouso improvisado. A viagem era de estudos para estabelecimentos de uma linha postal entre Buenos Aires e Belém do Pará. Na época, afirmava-se que entre os tripulantes estava o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, autor de "O Pequeno Príncipe". Naquele período, ele trabalhava na companhia aérea, em Buenos Aires

Fonte: Livro "O Aeroporto e a cidade"

O jornalista e memorialista Miguel Ângelo de Azevedo, Nirez, explica que a pista era onde é hoje a Base Aérea de Fortaleza e onde havia o Aeroclube do Ceará, que se mudou para Aquiraz.

Wellington Maciel afirma ainda que embora não possam ser considerados aeroportos tais quais conhecemos hoje, os campos de pouso e bases aéreas presentes em Fortaleza nas primeiras décadas do século XX são espaços de aviação, já que, de uma forma ou de outra, se complementavam.

A segunda pista de pousos e decolagens foi construída em seguida, no ano de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, conhecida como Base do Cocorote, local do atual aeroporto. Para a pista ser construída, a capela de Nossa Senhora Aparecida foi demolida.

Conforme matéria do Diário do Nordeste, publicada em 7 de fevereiro de 1998, com a entrada dos Estados Unidos na guerra após o ataque de Pearl Harbor, a presença norte-americana no Atlântico Sul foi intensificada. Inúmeras bases começaram a ser construídas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, como Belém, São Luís, Fortaleza, Natal, Recife, Fernando de Noronha, Maceió e Salvador.

Na Capital cearense, a base americana foi construída no Cocorote, próximo ao Alto da Balança. Especula-se que o nome veio do inglês, Coco Route (rota do coco), porque havia muitos coqueiros na região; ou porque os pilotos dos aviões ao decolarem para o Pici buscavam o litoral seguindo o curso do Rio Cocó.

Imagem que seria da pista Alto da Balança Foto: Cedida pela pesquisadora Leila Nobre

Anos depois, a Base do Cocorote passou a se chamar Aeroporto Salgado Filho, ainda segundo Nirez. Já em 1952, recebe o nome de Aeroporto Pinto Martins, em homenagem ao piloto cearense Euclides Pinto Martins, natural do município de Camocim, que realizou o primeiro voo entre Nova York e Rio de Janeiro a bordo de um avião.

Nirez também relata que existiu uma terceira base em Fortaleza, localizada no bairro Pici. "A pista foi mal calculada, por isso foi construído o Cocorote", afirma o memorialista. A base funcionou onde hoje é o Campus do Pici, da Universidade Federal do Ceará (UFC). O nome Pici teria vindo de como os americanos se referiam à abreviatura de Posto de Comando (PC), de acordo com matéria do Diário do Nordeste de 7 de fevereiro de 1998.

Planta original do Bairro do Pici, com detalhe da pista encomendada pelos norte-americanos. A reprodução acima foi obtida a partir de microfilme cedido pela Agência de Pesquisas Históricas da Força Aérea Americana Foto: Livro A História da Aviação no Ceará

O levantamento da área para a construção da pista do Pici começou em julho de 1941. As obras foram confiadas à empresa cearense Campelo & Gentil. O projeto previa uma pista de 5.000 pés de extensão para permitir o trânsito de aviões de porte médio, além de prestar apoio às aeronaves que faziam o patrulhamento do litoral nordestino. A pista foi inaugurada prematuramente, com apenas 75% de extensão construída. Em março de 1942, foi concluída. Análises técnicas e meteorológicas levantadas por especialistas brasileiros e americanos preconizavam que houve precipitação no posicionamento da pista.

Aeroporto (FOR)
  • 2.932 milhões de desembarques registrados ao todo em 2017, via Aeroporto Internacional Pinto Martins

  • 244.589 passageiros internacionais de voos regulares (embarques e desembarques) passaram em 2017. Esse é o maior número em 10 anos

  • 5,92 milhões de pessoas passaram pela Capital no ano passado, entre embarques e desembarques

  • Esse número é 3,85% maior que o total de 5,7 milhões registrado no mesmo período de 2016

Mucuripe Field: o projeto de base que não foi pra frente

O projeto de base militar, que ganhou o nome de Mucuripe Field, foi pensado pelos norte-americanos e seria construído no coração da Aldeota. A pista seria construída onde se localiza hoje a Avenida Dom Luís, com as instalações físicas a partir do Círculo Militar. A ideia surgiu após terem problemas de posicionamento dos ventos na pista do Pici.

"Seriam construídas duas pistas em formas de 'V'. O vértice seria na Avenida Desembargador Moreira atual, onde está o Círculo Militar se prologando até a Praia de Iracema, e a outra se prolongaria até a Igreja do Cristo Rei. Era um projeto absurdo, pois a cidade de Fortaleza ficaria inutilizada", diz relato do livro "Algo da minha vida e da cidade onde nasci", descrevendo dados deixados por Fernando de Castro Lima em escritos pessoais, conceituado topógrafo e agrimensor da época.

Quem foi Euclides Pinto Martins

Foto: Livro A História da Aviação no Ceará

Euclides Pinto Martins nasceu na cidade de Camocim, em 15 de abril de 1892. Aos 16 anos de idade, foi estudar Engenharia Mecânica nos Estados Unidos. Para custear os estudos, trabalhava como operário em oficinas e fábricas det locomotiva. Durante a estadia em solo americano, tornou-se aviador civil pela Escola de Aeronáutica Civil de Nova York. A ideia de realizar o primeiro voo Nova York-Rio de Janeiro surgiu em parceria com o Capitão da Marinha Walter Hinton. O jornal americano "New York World" comprou a ideia da dupla, investiu em diversas matérias sobre o fato e até doou o avião, um Curtis H-16, que foi montado sob às vistas dos pilotos.

Euclides Pinto Martins realizou a primeira travessia Nova York - Rio de Janeiro. Saiu da Flórida, EUA, e posou no Rio de Janeiro em 8 de fevereiro de 1923

O hidroavião partiu em 16 de agosto de 1922, da baia de Hudson. Pinto Martins era o copiloto. No entanto, dias depois, em 22 de agosto, o avião se envolveu em forte tempestade entre Cuba e Havaí e caiu. Os tripulantes foram resgatados pela marinha norte-americana.

A segunda oportunidade para refazer o trajeto surgiu quando o pai de Pinto Martins doou um novo avião. Para a aquisição do modelo, Antônio Pinto Martins hipotecou seus bens.

A ilustração reproduz o brasão comemorativo da primeira travessia aérea Nova York – Rio de Janeiro Foto: Livro A História da Aviação no Ceará

A segunda tentativa de fazer o trajeto Nova York-Rio de Janeiro aconteceu no mesmo ano, em 3 de setembro. O hidroavião partiu de Pensacolo, na Flórida. Em 2 de dezembro, pousaram em Belém do Pará, seguidos de paradas em Camocim, Aracati, ainda no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Salvador, Vitória e finalmente no Rio de Janeiro em 8 de fevereiro de 1923. A viagem durou 175 dias. Foram percorridas 5.461 milhas e 100 horas e 31 minutos no ar.

Primeiros 'aeroportos'

Ainda segundo o livro "O Aeroporto e a cidade", antes da presença estrangeira, algumas estruturas foram construídas, dando início aos primeiros "aeroportos" da Capital. Além da Praia de Iracema, que servia de campo de pouso para aviões de passagem, a Barra do Ceará, favorecida pelo Rio Ceará, passou a ser local de aterrissagem dos primeiros hidroaviões, aeroplano preparado para decolar e pousar sobre a superfície da água.

Camocim era parada obrigatória para reabastecimento das aeronaves que margeavam a costa brasileira. Por isso, personalidades como Greta Garbo passaram pelo município

Já o livro "A História da Aviação do Ceará", relata que o aeródromo da Barra do Ceará, que ficou mais conhecido como Hidroporto Condor, iniciou suas atividades oficiais em outubro 1929. No entanto, historiadores argumentam que muitas aeronaves utilizavam o local para pousos e decolagens antes dessa data.

Até a Segunda Guerra Mundial, predominava na aviação comercial o uso dos hidroaviões, sendo substituídos gradativamente após o conflito mundial.

Um detalhe que merece destaque é que Camocim era parada obrigatória para reabastecimento das aeronaves que margeavam a costa brasileira. Por isso, personalidades famosas acabavam passando pelo município cearense. O livro "A História da Aviação do Ceará", relata que o americano Henry Fonda, pai da atriz Jane Fonda, esteve em Camocim, assim como Greta Garbo, sendo a última vez em 1943. A esposa do ex-presidente Getúlio Vargas, Darcy Vagas, também transitou pelo município cearense, antes de chegar ao seu destino final, nos Estados Unidos.

Especial sobre o lançamento do atual aeroporto Pinto Martins

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O que ele pensa

Arialdo Pinho

Secretário de Turismo do Ceará

Turismo hoje se faz principalmente com avião. Esses novos voos diretos significam novos mercados sendo abertos. Mais gente podendo chegar mais facilmente ao Ceará. Com o aumento previsto na quantidade de visitantes, nacionais e estrangeiros, a expectativa é que haja um incremento não só na área do turismo, como no campo de capacitação e oportunidades de negócio para os cearenses.

Até o fim de 2018, Fortaleza vai contar com 13 voos internacionais ao todo: Lisboa (TAP, semanal), Paris (Joon, duas vezes por semana), Amsterdã (KLM, três vezes por semana), Frankfurt (Condor, duas vezes por semana), Milão (Meridiana, semanal), Orlando (Latam, duas vezes por semana, e GOL, diariamente), Miami (Latam, duas vezes por semana, e GOL, diariamente), Bogotá (Avianca, semanal), Caiena (Azul, semanal), Buenos Aires (GOL, semanal) e Praia (TACV, dois voos por semana).

O hub e os novos voos mudam a relação do Ceará com o mundo. No caso da França e da Holanda, o hub vai conectar o Estado com mais de mil destinos através da Air France e KLM, que são empresas que operam no mundo inteiro. Nós poderemos ter pessoas vindo da Rússia, da Ásia, chegando a Fortaleza. Por isso, em 2018, vamos continuar focando na promoção do Ceará nos mercados prioritários (Portugal, Alemanha, Itália, Colômbia, EUA, Argentina, Guiana Francesa e Cabo Verde, que já temos voos diretos) e agora nos dois novos mercados internacionais, França e Holanda.

A projeção da Fraport é dobrar o número de passageiros que utilizam o Aeroporto Pinto Martins. O início do plano de ações da empresa para o Aeroporto de Fortaleza tem investimento de R$ 600 milhões para o ano de 2018. Nos próximos quatro anos, o investimento será de R$ 1,4 bilhão.

As melhorias que virão com a modernização do Aeroporto de Fortaleza vão permitir acomodar melhor os novos passageiros e também contribuir para atrair mais voos internacionais, fazendo com que Fortaleza se torne cada vez mais um ponto de parada para turistas e investidores.

A longo prazo, pelo acordo de concessão, a Fraport Brasil é obrigada a desenvolver a infraestrutura no aeroporto por meio do Programa de Investimentos Obrigatórios, que inclui a expansão dos terminais, extensão das pistas existentes, remodelação das áreas de táxis e de tráfego, e reformulação do sistema rodoviário. Além disso, o terminal receberá novos sistemas automáticos de gerenciamento de bagagens, de controle de segurança e novas pontes de embarque de aeronaves.

Outros marcos do Aeroporto Pinto Martins

No ano de 1966, foi construído o primeiro terminal de passageiros do Aeroporto Pinto Martins, ainda no popularmente conhecido "aeroporto velho". O terminal tinha aproximadamente 8.200 m² de área e capacidade para atendimento de 900 mil passageiros/ano. De acordo com Nirez, para a inauguração do antigo aeroporto foi necessário abrir a Avenida Luciano Carneiro, homenagem ao repórter cearense morto no desastre de avião em 1960. O terminal passou por muitas reformas.

Construção, em dezembro de 1997, da estação de embarque e desembarque do novo Aeroporto Pinto Martins Foto: Livro A História da Aviação no Ceará

Em 1974, no dia 7 de janeiro, a Infraero assumiu a administração do aeroporto, dando início a várias obras de revitalização e ampliação do complexo aeroportuário.

As obras do aeroporto atual começaram em abril de 1996, em uma parceria da Infraero com o Governo do Estado do Ceará.

Até chegar ao atual terminal, alguns projetos chegaram a ser cogitados. O primeiro seria a construção de um novo aeroporto no Eusébio. Outra corrente defendeu a ampliação do terminal velho em direção à lagoa do Opaia. O terceiro, que foi o aceito, visava construir um novo terminal de frente para o velho, com o objetivo de aproveitar a pista atual.

Imagem de guichê da Transbrasil no Pinto Martins, companhia aérea que deixou de existir em 2001. A direita o guichê da Varig, primeira companhia aérea brasileira, extinta em 2006 Foto: Arquivo do Diário do Nordeste

A necessidade de construir uma estrutura maior e confortável para receber os passageiros começou a partir de sua internacionalização, em maio de 1983.

Ainda em 1988, foram realizadas reformas nas instalações para que o aeroporto pudesse atender às normas de internacionalização. Em fevereiro de 1989, aterrissou em Fortaleza o primeiro voo vindo de Paris, trazendo franceses para o projeto turístico "Saint-Tropez des Tropiquez".

Fatos que merecem ser destacados

2006

Réplica do 14-Bis esteve em Fortaleza

Em 7 de julho de 2006, o Aeroporto Internacional Pinto Martins recebeu a "visita" da réplica do 14-Bis, que sobrevoou a pista do terminal aéreo. Foram dois voos curtos e baixos, como estava previsto devido às limitações do avião. O modelo foi construído por Alan Calassa, que empregou muitos dos materiais utilizados por Santos Dumont, como seda japonesa, bambu da Índia e madeira do Amazonas. O protótipo mede 10 metros de largura por 12 de comprimento.

A Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) deu o apoio financeiro para a réplica ser feita pela empresa Calassa Aviation. Foram necessários três anos de pesquisas em documentos, publicações e fotografias, além de mais um ano na execução do projeto para que o modelo do 14-Bis ficasse pronto. A réplica percorreu várias cidades brasileiras.

2011

Segunda aeronave de passageiros mais comprida do mundo

A aeronave da Iberia esteve no Aeroporto Pinto Martins no ano de 2011. Na época, o modelo A340-600 era considerado o mais comprido do mundo. Atualmente, o Boeing 747-8 é o maior. As informações são do grupo SBFZ Spotting. Foto: Thiago Cascais

2013

Médicos cubanos desembarcam em Fortaleza

Em agosto de 2013, um voo, que saiu de Havana, trouxe 70 médicos cubanos para Fortaleza. Eles faziam parte do programa "Mais Médicos". O governador Cid Gomes estava no local para recepcionar os estrangeiros. Houve tumulto na recepção, já que Sindicatos dos Médico cobraram do Ministério da Saúde o Revalida para os médicos cubanos. Foto: Kid Júnior

2014

Jogo Brasil e México

Em 17 de junho, centenas de pessoas assistiram ao jogo Brasil x México em Fortaleza, na Arena Castelão, pela segunda rodada do grupo A da Copa do Mundo. Na ocasião, 14 voos da companhia aérea Aeromexico pousaram no Aeroporto Pinto Martins FOTO: Thiago Cascais/ SBFZ Spotting

2016

Avião do Iron Maiden

Em 23 de março de 2016, o Iron Maiden chegou a Fortaleza a bordo do Ed Force One, nome da aeronave do grupo, pilotada pelo vocalista Bruce Dickinson. Na ocasião, centenas de fãs da banda se reuniram no aeroporto para ver a chegada da aeronave. Foto: Thiago Cascais

2017

Operação Landshut

Em setembro de 2017, a empresa responsável pela logística do transporte das peças do Boeing histórico da Lufthansa PT-MTB iniciou o procedimento de envio da aeronave. O avião foi sequestrado em 1977 em ação dos grupos terroristas da Frente Popular para a Libertação da Palestina e Baader-Meinhof.

Estacionado em Fortaleza há nove anos, no cemitério de aviões do Aeroporto Pinto Martins, o Boeing chamado de "Landshut", foi adquirido junto à Infraero pelo Governo Alemão, para ser repatriado e exposto em um museu particular na cidade de Friedrichshafen, em comemoração aos 40 anos do Outono Alemão, marco histórico do combate ao terrorismo naquele país. Foto: Thiago Cascais

Spotters: o que é isso?

O SBFZ Spotting é um grupo cearense que reúne spotters apaixonados por aviação. Os spotters são pessoas que se juntam nos arredores dos aeroportos para fotografar e observar aeronaves. Em tradução direta, eles seriam observadores de aeronaves.

Local onde os spotters do SBFZ Spotting observam as aeronaves em Fortaleza Foto: Matheus Brandão/SBFZ Spotting

Criado por Thiago Cascais oficialmente há cerca de um ano, o intuito da comunidade é divulgar os movimentos aéreos do Aeroporto Pinto Martins, bem como motivar entusiastas do tema. Vale pontuar que a maioria dos componentes do grupo realiza a atividade por hobby. Thiago, por exemplo, de 32 anos, é fotógrafo profissional, mas também está em formação para se tornar piloto.

O SBFZ Spotting é administrado por spotters gestores, que reúnem as informações repassadas pelos colaboradores, que por sua vez, frequentam o terminal aéreo desde a década de 90 até os dias atuais. Átila Lima, 32, um dos participantes do grupo, é programador e conta que desde criança é apaixonado por aviões. "Meu book de casamento foi realizado nas dependências do aeroporto e no cemitério de aviões. Desde 2016 faço parte do SBFZ Spotting".

Glauco Martins Segundo, 30, por sua vez, é responsável pelos textos que são disponibilizados no site do grupo e nas redes sociais. "Com seis anos, viajei pela primeira vez de avião. Na época ainda era permitido adentrar a cabine de comando durante o voo. Quando adentrei a cabine, me apaixonei. Lembro-me de ficar estarrecido com a quantidade de botões. Hoje ainda são muitos, mas na época havia mais, pois muitos instrumentos eram analógicos. Sou apaixonado por aviações e agora, adulto, dispenso tempo e dinheiro para colecionar miniaturas, fotografar aviões, voar em simuladores e, sempre que possível, na vida real também.

O que o SBFZ Spotting luta, agora, é por um ponto de observação de aeronaves, semelhante aos que existem em outros países e aeroportos administrados pela Fraport, para que os spotters tenham acesso e registrem a história do Aeroporto Pinto Martins. "O trabalho feito por nós tem um alto valor para a história da aviação mundial e, principalmente, local", frisam.

No site do grupo, é possível ver, inclusive, os locais escolhidos pelos spotters para observar as aeronaves em Fortaleza.