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Texto: Jacqueline Nóbrega Publicado em

O empreendedorismo feminino ao redor do mundo tem mostrado cada vez mais sua força e trazido à tona mulheres que se destacam à frente de diferentes segmentos. De acordo com a Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2016, considerada a principal pesquisa sobre empreendedorismo no mundo e disponibilizada em 2017, a proporção total de mulheres adultas envolvidas com o empreendedorismo (33,9%) é mais baixa que a dos homens (38,2%).

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As mulheres também apresentam menor proporção de “Empreendedores Estabelecidos” (14,3% contra 19,6% no caso dos homens). Porém, recentemente, o empreendedorismo parece ter despertado mais o interesse feminino, visto que a proporção de “Empreendedores Novos” (os que têm um negócio com menos de 3,5 anos) é maior entre as mulheres (15,4% contra 12,6% no caso dos homens). No Brasil, a pesquisa é realizada anualmente desde o ano 2000 pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), com o apoio do Sebrae.

A GEM também mostra que em 2015, com a desaceleração da economia, cresceu muito o empreendedorismo por necessidade no grupo das mulheres. Também é comum casos de demissão após a mulher retornar da licença maternidade, o que acaba incentivando (e obrigando) que elas coloquem em prática o sonho do negócio próprio, como uma alternativa à nova fase.

Em solo cearense, empreendimentos novos têm nascido e nos bastidores "escondem" a história de mulheres que, seja para recomeçar do zero ou para dispor de mais tempo com a família e filhos, iniciaram novos negócios e obtiveram sucesso. Entre dificuldades superadas e sonhos realizados, às vésperas do Dia das Mães, que este ano é celebrado em 13 de maio, conheça as histórias de Alyne, Stephanie e Piera.

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Pioneira na alimentação inclusiva

Quando voltou da licença maternidade de sua segunda gravidez (a primeira tinha sido de gêmeos), Alyne do Vale Bezerra, até então professora do curso de administração de uma universidade local, foi demitida pelo chefe, que justificou que ela estava em outro momento. Naquela época, o Papá pra Bebê já existia, mas era a segunda prioridade da administradora. No entanto, a reviravolta acabou transformando o negócio em sucesso.

Alyne mostra parte do cardápio do Papá pra Bebê, que nasceu com foco no público infantil, mas hoje conquistou até os adultos que buscam uma alimentação saudável Foto: Helene Santos

Em um papo descontraído, Alyne fala com orgulho da trajetória da empresa, que tem menos de dois anos de mercado, mas conta com um ponto fixo no bairro Dionísio Torres, além de estar presente em dois shoppings, RioMar Fortaleza e Iguatemi, unidades da academia Greenlife Family Club e um ponto de venda em Sobral. Nayana do Vale, irmã da empresária e nutricionista responsável pelo cardápio do Papá, e a mãe da dupla, integram ainda a equipe do empreendimento.

Alyne encontrou na preocupação com a alimentação de seus filhos uma oportunidade para iniciar um negócio. Pensando em uma alimentação inclusiva, para todas as crianças, mesmo as alérgicas à proteína do leite de vaca, celíacas ou alérgicas à soja, criou uma empresa de comida para bebês

"O Papá nasceu quando os gêmeos fizeram 4,5 meses, foram começar a introdução alimentar e a minha licença maternidade tinha terminado. Foi quando vi a dificuldade de trabalhar fora e manter a alimentação saudável deles. Na época, as empresas que trabalhavam com alimentação saudável não atendiam o público infantil, que é muito específico. Lidar com alimentação de bebês, por exemplo, é muito específico e cheio de detalhes até mesmo propostos pelo Ministério da Saúde na sua cartilha de introdução à alimentação. Foi quando eu vi que não tinha essa rede de apoio em Fortaleza. Também pesquisei e não encontrei no Brasil uma empresa que trabalhasse com o público de crianças alérgicas, porque meus filhos eram alérgicos à proteína do leite de vaca. Como não tinha e minha irmã é nutricionista, eu falei pra ela pra gente testar esse modelo de empresa. Me questionei se existia alguém que estava passando pela mesma dificuldade que eu".

Perfil das mulheres empreendedoras no Brasil

Perfil Empreendedoras

Elas montaram, então, um cardápio fixo, em fevereiro de 2016, e entregavam as comidinhas semanalmente e através de delivery. Foi um teste para ver se o projeto dava certo. Como a demanda foi grande, no fim de julho daquele mesmo ano, o Papá ganhou seu espaço físico, de dois andares. Em cima funciona a fábrica e embaixo o ponto de venda e o escritório das duas irmãs, onde as mesmas se revezam.

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Alyne ainda comenta que seu público mais forte atualmente é o que elas chamam de crescidinho, que varia entre 1 e 3 anos. "São essas crianças que já se alimentam, mas não dividem o prato com o adulto. Tem suas particularidades". Foi pensando nesse público que elas também abriram pontos de venda em shopping, já que Alyne sabe da dificuldade de encontrar alimentos saudáveis para esses pequenos.

A administradora reforça que o Papá pra Bebê é label-free. "A gente não usa industrializados na nossa produção. Somos livres de produtos que têm rótulo, é mais ou menos essa a tradução do termo de maneira livre. Só usamos temperos naturais, azeite extra virgem, óleo de coco, açúcar demerara e sal rosa do Himalaia. Tudo que a gente utiliza tem algum grau de nutriente. Não é tempero só por tempero. Por exemplo, optamos por usar açafrão, que é riquíssimo em nutrientes. Até o leite de coco que a gente usa é fabricado por nós. A carne de sol que usamos em alguns pratinhos é curada aqui dentro. Tudo para garantir segurança alimentar e qualidade nutricional. Nós somos uma alimentação inclusiva, porque todas as crianças, sejam elas alérgicas à proteína do leite de vaca, celíacas ou alérgicas à soja, podem consumir nossas comidinhas sem nenhum perigo. A gente não tem um produto do cardápio específico para essas crianças. O cardápio é 100% inclusivo e são mais de 40 opções".

Apesar do cardápio do Papá ser focado na primeira infância, período que compreende o nascimento e os primeiros seis anos de vida da criança, muitos adultos também têm se interessados pelos produtos da marca cearense. "São pessoas em dieta, diabéticos, hipertensos, idosos ou apenas quem busca por uma alimentação saudável. É um público-alvo que a gente acaba atingindo, mas nosso foco segue sendo a primeira infância".

O cardápio do Papá pra Bebê tem mais de 40 opções de produtos Fotos: Helene Santos
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Até março do ano passado, o empreendimento contava somente com três pessoas: Alyne, Nayana e a mãe. Agora já são 15 pessoas empregadas. Alyne ainda comenta que todo o processo de crescimento da empresa foi orgânico, apesar de ela e a irmã, juntas, terem mais de 120 mil seguidores do Instagram. "Eu lembro que quando a gente colocou na internet, até nos assustamos. Anunciamos que o Papá ia começar e em menos de 24 horas o perfil do Instagram já tinha mais de 1.000 seguidores e uma fila de pedidos, além de muitas pessoas comentando que a ideia era muito bacana. Hoje nossa principal ferramenta de marketing são as redes sociais".

O empreendedorismo feminino tem crescido muito, até como uma resposta ao mercado de trabalho, que é muito engessado. Sem entrar no mérito histórico da coisa, mas na década de 50 o perfil do mercado era totalmente patriarcal
Alyne do Vale Bezerra

Mostrar suas respectivas rotinas no Stories também ajuda, ainda segundo a opinião de Alyne. "Principalmente porque eu sou mãe. Os primeiros consumidores são sempre meus filhos. Não tem nada no cardápio que eu não daria para os meus filhos. Acho que por a gente ter conseguido essa credibilidade, aqui em Fortaleza principalmente, as pessoas acabam entendendo que nosso produto é bom e tem qualidade, e isso gera a curiosidade para experimentar".

"O empreendedorismo feminino tem crescido muito, até como uma resposta ao mercado de trabalho, que é muito engessado. Sem entrar no mérito histórico da coisa, mas na década de 50 o perfil do mercado era totalmente patriarcal. Com os anos isso foi mudando. E o mercado hoje tem se adaptado aos homens e às mulheres". Como suas inspirações, Alyne cita Ivanka Trump e Cris Arcangeli.

Empresa nasceu junto com a maternidade

Decorar festas infantis nunca esteve nos planos de Stephanie Amorim, mas, junto com primeiro filho, veio a ideia de transformar o hobby de colocar a mão na massa em empreendimento. Até então, a empreendedora tinha uma marca de biquínis, a La Plage. Quando engravidou e começou a pesquisar a decoração para o quarto do bebê, se apaixonou pelo mundo que sempre gostou, mas nunca tinha participado ativamente.

Stephanie explica que por ser mãe, suas clientes se identificam com ela, e acreditam que ela terá o mesmo zelo pela festa de seus filhos Foto: Reprodução/Instagram

"Quando comecei a procurar itens para comprar, não somente decorativos, mas de enxoval, por exemplo, dificilmente encontrava algo legal, diferente. Chegou então a hora de fazer o chá de fraldas e segui a onda de colocar a mão na massa. Pintei todos os convites à mão, costurei os detalhes e entreguei. Tentei encontrar fornecedores, mas não consegui me identificar com o estilo de nenhum, então foi a hora do faça você mesmo. Papel, cartolina, troncos de madeira, uma amiga fazendo docinhos, outra palha italiana e deu tudo certo", comenta.

Acho sensacional a participação ativa das mulheres no desenvolvimento de novos negócios, na forma de se reinventar e de se virar nos 30, porque sempre digo que, depois de ser mãe, nós também viramos super-heroínas
Stephanie Amorim

Foi aí que Stephanie percebeu que, assim como ela, outros pais podiam ter vontade de celebrar a vida das crianças de uma forma que fosse divertida para elas, e não para os adultos. Assim nasceu a Cacho de Festas. Stephanie decora festas infantis em um espaço novo na cidade, chamado Prupê pra Brincar. "Queria que as decorações fossem lúdicas, felizes, coloridas e que tivessem afeto. Que remetessem às festas de antigamente, com envolvimento, participação da família e que fosse um evento bem pessoal, que não perdesse o real motivo da celebração. Que fosse algo bem mão na massa mesmo. Quando recebi a proposta da Prupê, de ser fornecedora exclusiva delas, não consegui pensar duas vezes e aceitei na hora".

Stephanie conta que não tem um acervo extenso, por vontade própria mesmo. Ela gosta de chegar nos seus fornecedores e escolher o que quiser, de chegar em cada festa e montar uma decoração diferente. Quando vai investir em alguma peça específica, opta por produtos diferentes. "A cada nova festa, mesmo que tenha o mesmo tema, eu sempre desenvolvo algo novo e posso dizer que 80% dos itens das decorações são feitos à mão".

Stephanie conta que não tem um acervo extenso, por vontade própria mesmo. Ela gosta de chegar nos seus fornecedores e escolher o que quiser, de chegar em cada festa e montar uma decoração diferente. Quando vai investir em alguma peça específica, opta por produtos diferentes. "A cada nova festa, mesmo que tenha o mesmo tema, eu sempre desenvolvo algo novo e posso dizer que 80% dos itens das decorações são feitos à mão".

As decorações de Stephanie são lúdicas, felizes e coloridas Fotos: Reprodução/Instagram
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Stephanie ainda cita que ter seu negócio próprio é uma das grandes vantagens como mãe, já que ela consegue desenvolver seus projetos e estar sempre presente na rotina do filho. "No entanto, a rotina é bem puxada, porque acabo misturando os horários de lazer e trabalho".

"Acho sensacional a participação ativa das mulheres no desenvolvimento de novos negócios, na forma de se reinventar e de se virar nos 30, porque sempre digo que, depois de ser mãe, nós também viramos super-heroínas. Descobrimos uma força e potencial que nem acreditamos que tínhamos. Acho uma ótima oportunidade de estarmos presentes na vida dos filhos, com uma flexibilidade de tempo e rotina", finaliza ela, citando Liliam Fialho, proprietária da marca cearense Produção, como sua maior referência.

"Me espelho desde sempre no seu modo de levar a vida, de bom humor, com uma fé incrível e sempre muito presente na vida dos filhos. Ela construiu uma marca maravilhosa, com muita dedicação e amor e hoje transmite essa ideologia de vida para todos os seus funcionários. Sou fã".

Por enquanto, não está nos planos voltar com a La Plage, mas a filosofia que a acompanhava desde a época da marca de biquínis segue viva. "Quando parei com as atividades na La Plage recebi várias propostas de negociação da marca e nunca tive vontade de me desfazer do negócio. A La Plage foi e é um negócio lindo, mas o momento da economia do nosso País fez com que fosse preciso uma pausa. Mas serei sempre verão todo dia".

Visão local

Vladimir Spinelli, professor e diretor do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e membro da Academia Cearense de Administração, afirma que há algum tempo as mulheres vêm protagonizando mudanças significativas no mundo todo, seja nos aspectos sociais, culturais e políticos, não podendo estar ausente das mudanças no mercado.

"Considerando como empreendedor alguém que consegue perceber o que outras pessoas não enxergam, entendo que as mulheres levam boa vantagem no desenvolvimento de novas ideias, com a criatividade e a imaginação que lhe são inerentes".

Ele descreve a mulher empreendedora cearense como "inquieta, insatisfeita com aquilo que vê e preparada profissionalmente". "Consciente do seu papel em mudar o Ceará e o Brasil para o futuro. É uma pessoa determinada, com habilidade intrínseca de liderança e de organização, características fundamentais em um empreendedor".

"Empreender significa produzir novas ideias, criar novos negócios, encontrar novas soluções. O cearense é um empreendedor por natureza e esse seu empreendedorismo vem impactar no desenvolvimento do Estado, e não apenas na economia, mas em todos os aspectos. Considerando-se o conceito defendido por Louis Jacques Filion, de que o empreendedor imagina, desenvolve e realiza visões, temos na mulher toda a essência necessária".

Projeto da Prefeitura de Fortaleza visa estimular empreendedorismo feminino

A Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico (SDE), divulgou o edital do projeto "Mulher Empreendedora" em janeiro deste ano. O programa faz parte do Programa Fortaleza Competitiva, que visa estimular o empreendedorismo feminino, possibilitando o acesso ao crédito orientado, além de capacitações e consultorias gerenciais, a partir de um contrato de empréstimo para desenvolver plano de negócio de até R$ 15 mil.

124 empreendimentos foram habilitados na primeira etapa do projeto "Mulher Empreendedora" FOTO: Divulgação/Dedson Pinheiro

De acordo com a assessoria de comunicação da SDE, foram inscritos 324 empreendimentos no projeto, totalizando 676 empreendedoras. No início deste mês, começou o processo de capacitação para os 124 empreendimentos habilitados na primeira etapa. Para a segunda, prevista para o fim de maio, serão selecionados 100 planos de negócios. O resultado final será divulgado no início de junho.

O estudo realizado pela SDE, em 2017, aponta que as mulheres no mercado de trabalho possuem renda média inferior, mesmo quando elas possuem qualificação igual ou superior à dos homens
Estudo baseado na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) 2015

Ainda segundo a assessoria, a quantidade de mulheres buscando a inserção no mercado de trabalho por intermédio da implantação ou ampliação de um negócio é bastante relevante em comparação aos homens. De acordo com dados de 2016, existem 10.903 microempreendimentos cadastrados nos programas desenvolvidos pela Secretaria, destes, 60,7% têm mulheres como proprietárias do negócio.

Um estudo realizado pela SDE, em 2017, sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho aponta que elas possuem renda média inferior, mesmo quando elas possuem qualificação igual ou superior à dos homens. O estudo é baseado na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) 2015.

Consumo consciente

Piera Cysne, ao lado de uma amiga, Juliana Romero, coordena o projeto "e dominga", que tem como proposta criar roupas básicas e neutras, pensadas para o clima do Ceará, e que incentive o consumo consciente. "Nosso foco não é provocar desejos. Preferimos procurar por necessidades e peças funcionais para o guarda-roupa real do nosso público-alvo". O "e dominga" nasceu em 2014, mas com o nascimento de sua filha, a designer de roupas teve que dar uma pausa no seu trabalho.

Piera deu uma pausa no "e dominga" quando ficou grávida, mas ao ver a filha crescer, voltou com o projeto ao lado da amiga Juliana Romero FOTO: Arquivo Pessoal

"Quando fiquei grávida parei, e até me coloquei em dúvida se voltar seria a melhor opção, por questões financeiras. Quando minha filha foi crescendo e fui vendo a necessidade de atenção e cuidados que demandam uma criança, repensei sobre, já que não tenho família na cidade. Hoje trabalho um turno, que é quando ela está escola. Queria trabalhar mais, mas ainda é inviável trabalhar, fazer tarefas básicas de casa e dar atenção a ela, mesmo tentando dividir a rotina com um companheiro", comenta.

No ateliê do projeto, Piera e sua sócia executam a maioria dos processos, desde desenhar, modelar, cortar, até tirar fotos das peças e fazer as entregas. "Estamos tentando não terceirizar, pois é um ponto importante pra nós termos ares de 'costureira caseira'. Não usamos a nomenclatura 'marca' porque enxergamos no título muitos padrões enraizados. Falar em projeto parece mais livre e com mais espaço para arriscar, experimentar e seguir um fluxo mais orgânico".

A empreendedora comenta que opta por usar matéria-prima nova, mas a prioridade do projeto são os tecidos mais naturais, como linho e 100% algodão. "Procuramos comprar de indústrias nacionais, para evitar um risco maior de trabalho em situação análoga à escravidão, bem comum em países como a China, que é de onde vem grande parte dos tecidos. Também preferimos tecidos e materiais de maior qualidade e modelagens fáceis de se fazer ajustes e de se recriar, para que nossas peças tenham o maior tempo de vida possível".

A proposta do "e dominga" é criar roupas básicas e neutras, pensadas para o clima do Ceará FOTOS: Reprodução/Instagram
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As peças do projeto "e dominga" são vendidas em feiras da cidade e através do Instagram. "Projetos menores em tamanho, mas grandes em ideias, ainda não conseguem ter a atenção e voz que deveriam ter na cidade. Uma cidade grande, porém interiorana. Quando se acrescenta uma mulher à frente, piora um pouquinho. Mas estamos aqui para ajudar na construção desse público ainda muito limitado, onde a exaltação das grandes indústrias é o que prevalece", desabafa Piera.

Uma das feiras que a empreendedora comercializa as peças da "e dominga" é a "mana a mana", que acontece em 5 de maio, na Galeria Imagem Brasil, no Centro da cidade, com a edição especial "Mães empreendedoras". A designer de roupas ressalta a importância de projetos como esse. "Nos acrescentou muito, como projeto e como mulheres. Temos tanto em comum, a dedicação e o esmero por fazermos o que gostamos, e também as dificuldades que enfrentamos".

Feira focada nas manas

Millena idealizou a mana a mana para valorizar o trabalho de mulheres artesãs. A ideia do coletivo é organizar oficinas e rodas de conversas sobre empreendedorismo feminino Foto: Arquivo Pessoal

Millena Cavalcante tem formação em design de moda, mas atualmente organiza a feira mana a mana, além de ajudar mulheres empreendedoras a contarem a história de suas marcas através de storytelling e criação de conteúdo.

A feira faz um ano em junho deste ano e surgiu da vontade de Millena de criar um projeto onde mulheres que trabalham com as mãos fossem o grande foco. "Cresci vendo minha mãe fazer crochê e não ser valorizada, cobrando barato pelo seu trabalho manual, que valia muito".

Temos algumas mães no coletivo, e em nossas reuniões e conversas no grupo do WhatsApp, elas compartilham sempre as dores e delícias de empreender e ser mãe
Millena Cavalcante

"Em Fortaleza existem muitas feiras focadas em moda, mas não via tanto espaço pra quem trabalha com artesanias. As manas fazem um trabalho lindo, resgatam antigas tradições e dão uma nova cara, design", complementa.

Millena é a responsável pela curadoria das marcas que participam do projeto. A ideia de criar uma edição especial com foco nas mães surgiu com a chegada do Dia das Mães. "Temos algumas mães no coletivo, e em nossas reuniões e conversas no grupo do WhatsApp, elas compartilham sempre as dores e delícias de empreender e ser mãe. Aproveitamos a data comercial para, de fato, dar voz a essas mulheres".

Ela comemora o retorno positivo que recebe desde que começou o projeto. "Esse é o grande diferencial, temos um propósito. Trocamos muito, aprendemos muito e cuidamos umas das outras. É uma rede de mulheres incríveis, cheia de aprendizados e isso transborda, as pessoas percebem essa força e apoiam, querem chegar junto, querem estar perto".

A ideia do coletivo é ainda organizar oficinas e rodas de conversas para tratar de assuntos pertencentes ao empreendedorismo feminino, bem como sustentabilidade, consumo consciente, etc. No evento do dia 5, acontecerá um bate-papo sobre empreendedorismo materno. Vale destacar também que a feira, a cada edição, acontece em um espaço.

"As mulheres são uma grande fonte de inspiração pra mim. No Ceará, pra onde a gente olha, tem uma mulher empreendendo. É lindo de ver! Escolhi só trabalhar com mulher".

Serviço

Papá pra Bebê Cacho de Festas Projeto e dominga Mana a Mana