Diário do Nordeste Plus

Guia para o
investidor iniciante

Está pensando em investir, mas não sabe por onde começar? Economistas dão dicas de qual a melhor aplicação para cada perfil

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Texto: Nayana Siebra

Economizar dinheiro nunca esteve tão em voga diante do cenário de incertezas em que vive a economia brasileira. Neste contexto, começar a investir o capital pode ser uma boa alternativa para fazer o dinheiro render um pouco mais.

O mercado para quem quer investir é amplo, oferecendo opções de curto a longo prazo e com riscos ou não. Entender o próprio perfil antes de aplicar o dinheiro é o primeiro conselho dos economistas para quem está iniciando.

Para o professor de Mercado de Capitais da Universidade de Fortaleza (Unifor), Mario Monteiro, o consumidor deve saber, antes de investir, se está disposto a correr riscos, o propósito do dinheiro que está aplicando e quanto irá empregar. O docente explica que esses itens são fundamentais na hora de escolher para que o capital não seja retirado antes do tempo ou haja perdas indesejadas.

“A primeira coisa que o investidor deve ter em mente é o seguinte: identificar qual o objetivo do investimento e o que ele quer fazer. Qual o tipo do dinheiro, por exemplo, é um dinheiro que ele vai precisar em pouco tempo ou que ele está juntando para comprar uma casa. Então, dependendo deste perfil, ele vai identificar o produto que é mais conveniente para o seu investimento”, esclarece Mario.

O economista Alex Araújo reforça que o consumidor deve planejar o investimento e buscar o máximo de informações sobre as alternativas. “É preciso imaginar qual a necessidade ou propósito do investimento, pesquisar os custos de transação e melhor forma de operacionalizar. É interessante que se evite operações de altíssimo risco. O risco aumenta quando você não conhece onde está investindo”, ratifica.

Já o presidente do Conselho Regional de Economia, Alisson Martins, chama atenção para a rentabilidade e para a liquidez dos investimentos. “Por exemplo, começando pela poupança, esta tem risco baixo, liquidez alta (consumidor pode sacar na hora que quiser), mas não está rendendo tanto”, explica.

Para ajudar o consumidor a descobrir qual seu perfil como investidor e seu limite de tolerância aos riscos, as instituições financeiras oferecem o teste de Análise do Perfil do Investidor (API). Ao responder o questionário, é possível avaliar o nível de conhecimento sobre o mercado financeiro, de capitais e os produtos ofertados. Veja aqui um modelo da pesquisa.

Confira opções de investimento

Para quem quer investir pequenos valores e em um curto período de tempo, o professor Mario Monteiro recomenda os fundos de investimento. Segundo ele, para aplicações de até R$ 5 mil são recomendadas hoje os fundos de Renda Fixa, fundos DI e a poupança, esta última tem como principal vantagem ser isenta de imposto de renda. Esses investimentos podem ser contratados diretamente com as instituições financeiras, na qual você aplica determinada quantia, em um período de tempo e com juros definidos.

“Eu acho importante, por exemplo, os fundos de investimento e que você faça uma pesquisa. Os fundos não são iguais, eles têm taxas de administração diferentes, custos diferentes, históricos de performance diferentes, carteiras diferentes, de forma que são produtos pesquisáveis. É importante fazer uma comparação com outras alternativas, principalmente, em termos de custos, quanto se paga de imposto de renda, os custos das instituições financeiras, não olhar somente para a taxa de juros. Tudo isso deve fazer parte de um estudo, de um processo prévio de decisão de um investidor”, explica Monteiro.

Dollar

Outra alternativa para quem quer investir valores menores é o Certificado de Depósito Bancário (CDB). Segundo Alisson Martins, está é uma aplicação que possui vários tipos de prazo e o investimento mínimo gira, em torno de R$ 500. O consumidor pode contratar este tipo de aplicação em bancos ou através de corretoras.

A Letra de Crédito de Agronegócio (LCA) e a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) são isentas de imposto de renda e, segundo Martins, têm rentabilidade próxima do CDB. O valor mínimo e o prazo do investimento variam de acordo com a instituição financeira. O presidente do conselho explica que há casos em que o valor mínimo do LCA varia de R$ 300 a R$ 30 mil e do LCI varia em torno de R$ 1 mil.

O LCA e o LCI são títulos emitidos por bancos garantidos por empréstimos concedidos ao setor de agronegócio. Esses títulos foram criados pelo governo com objetivo de ampliar os recursos disponíveis ao financiamento agropecuário.

Títulos públicos do Tesouro Direto são também opções para o investidor iniciante. É uma aplicação segura, de risco baixo e liquidez diária, na qual o investidor está comprando títulos públicos federais. De acordo com o Ministério da Fazenda, o programa surgiu em 2002 com o objetivo de democratizar o acesso aos títulos públicos, ao permitir aplicações com apenas R$ 30,00.

O título público funciona da seguinte maneira: ao comprar, o consumidor empresta dinheiro para o governo em troca do direito de receber no futuro uma remuneração por este empréstimo. Ou seja, o investidor receberá o que emprestou mais os juros sobre esse empréstimo. A aplicação é segura, pois é 100% garantida pelo Tesouro Nacional.

Guia para o investidor

O consumidor pode adquirir títulos públicos do Tesouro através das instituições financeiras e corretoras. De acordo com Mario Monteiro, este tipo de investimento é bastante atraente para quem possui quantias que variam entre cinco e quinze mil reais. “O Tesouro direto é bastante atraente para quem tem valores na casa entre R$ 5 mil, R$ 10 mil e R$ 15 mil, que é um investimento relativamente simples de ser feito. Este pode ser realizado através do seu próprio home bank, na medida que você faz um cadastramento prévio, você tem acesso ao site do Tesouro e pode comprar títulos pela internet”, conta.

Segundo os economistas, para quem quer investir quantias mais elevadas e a longo prazo tem a opção dos títulos de ações. Este investimento, no entanto, é de alto risco, pois a rentabilidade muda de acordo com o mercado. “Os títulos de ações não são aconselhados devido ao mercado, a rentabilidade está altíssima hoje, mas amanhã pode não estar mais.O mercado de bolsa não é recomendado para quem quer rentabilizar R$ 500 ou R$ 600”, explica Alisson.

Guia para o investidor

Saiba mais

Para quem tem receio com a segurança do dinheiro ao investir, uma dica dos economistas é que o consumidor se certifique que a aplicação seja protegida, por exemplo, pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Este é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que garante o crédito de até R$ 250 mil.

Segundo o Banco Central, o FGC administra um mecanismo de proteção aos correntistas, poupadores e investidores, que permite recuperar os depósitos ou créditos mantidos em instituição financeira, até determinado valor, em caso de intervenção, de liquidação ou de falência.

O Fundo é asssociado a alguns bancos e instituições e garante crédito de depósitos à vista ou sacáveis mediante aviso prévio; depósitos de poupança; depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado (CDB/RDB); depósitos mantidos em contas não movimentáveis por cheques, destinadas ao registro e controle do fluxo de recursos referentes à prestação de serviços de pagamento de salários, vencimentos, aposentadorias, pensões e similares; letras de câmbio; letras imobiliárias; letras hipotecárias; letras de crédito imobiliário; letras de crédito do agronegócio; operações compromissadas que têm como objeto títulos emitidos após 08/03/2012 por empresa ligada.

Poupança

É um dos investimentos mais populares do País, que conta com simplicidade e baixo risco. Além disso, é garantida pelo governo e suas regras de funcionamento são reguladas pelo Banco Central.


IR Isento


Risco baixo

Alta liquidez

Recomendado para curto prazo

Investimento a partir de baixas quantias

Fundos de investimento

Condomínio que reúne recursos de um conjunto de investidores (cotistas) para obter ganhos financeiros a partir da aquisição de uma carteira formada por vários tipos de investimentos (conhecidos como ativos).


IR depende do tipo de fundo


Risco baixo

Alta liquidez

Recomendado para curto prazo

Existem fundos para baixas quantias e outros para quem quer investir valores mais altos

CDB

Título emitido por bancos para se capitalizar - ou seja, conseguir dinheiro para financiar suas atividades de crédito. O investidor está, então, efetuando uma espécie de “empréstimo” para a instituição bancária em troca de uma rentabilidade diária.


IR Obrigatório


Risco baixo

Média liquidez

Recomendado para médio prazo

Em média, o investimento é a partir de R$ 500

LCA/LCI

São títulos emitidos por bancos garantidos por empréstimos concedidos ao setor de agronegócio.


IR Isento


Risco baixo

Média liquidez

Recomendado para médio prazo

Varia de acordo com a instituição financeira. O valor mínimo do LCA varia de R$ 300 a R$ 30 mil e do LCI varia em torno de R$ 1 mil.

Títulos do Tesouro

O consumidor empresta dinheiro para o governo em troca do direito de receber no futuro uma remuneração por este empréstimo.


IR Obrigatório


Risco baixo

Alta liquidez

Recomendado para médio prazo

Em geral, é a partir de R$ 30.

Títulos de ações

Títulos de renda variável, emitidos por sociedades anônimas, que representam a menor fração do capital da empresa emitente.


IR Obrigatório


Risco alto

Alta liquidez

Recomendado para longo prazo

Recomendado começar a partir de R$ 10 mil.