Diário do Nordeste Plus

Delivery na contramão da crise

Setor tem alta de 9,3% e opções ainda mais inusitadas: sorvete, frutas, bebidas, diarista, banho pet, etc

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Antes limitado às chamadas telefônicas, a participação do delivery no mercado foi complementada pela internet e aplicativos móveis. Mesmo em tempos de crise, apenas no primeiro semestre de 2015, o setor teve um crescimento de 9,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. E a tendência é de mais crescimento. Esta modalidade de venda representa 4,3% das franquias de fast food, segundo o levantamento da consultoria Rizzo Franchise.

Seja para escapar do trânsito, economizar tempo, combustível ou até mesmo o estacionamento, a comodidade aumentou quando os consumidores começaram a utilizar os serviços de entrega através de aplicativos de smartphone, com pagamentos em cartão de crédito feito pelo próprio aparelho. As aplicações também permitem encontrar restaurantes em funcionamento no momento da busca.

Mesmo em tempos de crise, apenas no primeiro semestre de 2015, o setor teve um crescimento de 9,3% em relação ao mesmo período do ano anterior

Um dos exemplos mais bem-sucedidos é o da startup brasileira iFood. Fundada em 2011, ela só aumentou desde então. Estima-se que os pedidos feitos pelo aplicativo cresceram 40 vezes entre 2012 e 2015. Enquanto em 2013 foram 100 mil pedidos pela plataforma, no ano passado o número chegou a 1,1 milhão. Agora, a estratégia é incorporar outros serviços similares, incluindo concorrentes diretos, e consolidar-se como líder no setor.

O serviço consiste em, ao entrar no site, o cliente informar sua localização e ver as ofertas dos comércios próximos. A empresa mapeia os estabelecimentos cadastrados por geoposicionamento e o usuário só precisa digitar o CEP para ter acesso a todos os restaurantes e lanchonetes abertos no momento. Em Fortaleza, a plataforma conta com 129 restaurantes atualmente.

Crescimento da área

Segundo levantamento do Instituto Foodservice Brasil (IFB), o delivery de comida a partir de pedidos de telefone e pela internet representaram em 2015, respectivamente, 24% e 14% do faturamento dos estabelecimentos que oferecem esse tipo de serviço. A pesquisa aponta que 24% dos empreendimentos oferecem o serviço de pedidos por telefone e apenas 3% têm o delivery pela internet.

Quanto maior a oferta de delivery por telefone, maior a participação no faturamento

Evolução do delivery via Internet vs via Telefone

* Full Service são serviços convencionais, como restaurantes a la carte
** Fast Casual são estabelecimentos intermediários, entre Fast foods e restaurantes convencionais. Ainda são pouco conhecidos no Brasil
FONTE: Instituto Foodservice Brasil (IFB)

Contudo, a relação entre oferta e faturamento é mais vantajosa para os serviços online, que crescem a cada ano. “Vários sistemas de delivery vão surgir prometendo não apenas matar a fome do consumidor, mas ainda eliminar custos de mão de obra e locação, melhorando a vida do dono do estabelecimento”, explicou Ingrid Devisate, gerente executiva do IFB.

As oportunidades que o desenvolvimento da tecnologia possibilitará devem desenvolver ainda mais o serviço. “Além dos restaurantes virtuais, surgirão outras propostas de aplicativos que facilitam no pagamento, utilizando o recurso de mobile wallet, ou que buscam ofertas especiais de acordo com seu gosto alimentar”, afirmou a gerente.

Para ela, as aplicações em breve serão recursos que colocarão os consumidores em contato virtual direto com garçom. “Você escolhe, faz o pedido e paga pelo smartphone, encontrando sua refeição pronta antes de chegar na praça, tudo sem fila, e para o dono do restaurante mais oportunidade de vender e fidelizar seus clientes”, completou.

Muito além da pizza

Nem só de pizza e sanduíche se faz um delivery. Novas tecnologias de embalagem, armazenamento e logística permitiram aos empreendedores mais atentos diversificarem a oferta de serviços e os produtos a serem entregues. Agora, está se tornando comum pedir uma variedade de alimentos e bebidas que vão do sorvete à fruta, da cerveja à água.

Sorveteria

Na velocidade da internet, muitos destes deliveries foram criados há poucos meses, mas já conquistaram seu lugar no mercado devido à demanda reprimida. Foi o caso, por exemplo, da sorveteria San Paolo, cujo serviço de entrega, feito por telefone e pelo iFood, foi implantado há apenas três meses e o sucesso já fez os donos planejarem uma expansão.

San Paolo

Delivery San Paolo. Foto: Thiago Gadelha

“Nós temos uma média de 15 a 20 pedidos por dia”, revelou o proprietário do estabelecimento, Renan Aguiar. Segundo ele, a adequação para as entregas em domicílio foi mais tranquila do que esperavam.

“Pela estrutura que temos, a loja já comportava o delivery. Bastou ter um caixa novo e fazer o treinamento do despachante”, disse. Por enquanto, só uma unidade no Meireles tem o serviço. Mas em breve ele deve estar disponível também na zona sul da Capital.



Frutas e sucos

Com uma proposta de alimentação saudável, o empresário Pablo Eric teve a ideia de distribuir frutas frescas in natura e em potes, já cortadas. Operando oficialmente desde novembro, a Fruit Time já tem uma carteira com 40 clientes fixos e a expectativa é de crescimento em 2016. A ideia do negócio, exclusivamente baseada em delivery, veio de uma experiência pessoal. “Eu consumia frutas e, mesmo sem uma grande diversidade, perdi 15 quilos em um ano com reeducação alimentar”, explicou Pablo Eric.

Fruit Time

Pablo Eric, dono da Fruit Time. Foto: Fabiane de Paula

Com as dificuldades no mercado de construção civil, onde trabalhava, ele adaptou um modelo que conheceu no exterior. “A ideia é fazer a pessoa consumir 10 frutas por semana, cortada no pote e in natura”, explicou. O empresário criou uma logística que permite a entrega de frutas sempre frescas. Outro produto de sucesso também entregue por ele são os sucos detox.



Bebidas

Para aqueles mais boêmios, há um serviço de entregas de bebidas e aperitivos funcionando até às 3h da madrugada nas sextas e sábados. Trata-se do Seu Valdomiro, não um bodegueiro qualquer, mas um serviço que garante a cerveja gelada na casa do cliente. O delivery surgiu há dois anos a partir da experiência que os amigos Pedro Leite e Gustavo Dantas tiveram em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Delivery cerveja

Pedro Leite e Gustavo Dantas, sócios do Seu Valdomiro. Foto: Fabiane de Paula

Além das cervas, podem ser encomendados refrigerantes, vinhos, uísques, vodcas, runs, espumantes, tequilas e cachaças. Na Bodega do seu Val podem ser encontrados produtos como gelo, carvão, chá, chicletes, chocolates, isqueiros e até baralho, entre outros. “A ideia surgiu quando resolvemos trazer para Fortaleza esse tipo de serviço, que já utilizamos fora do Ceará. Vimos a brecha no mercado e sentimos a necessidade de criar (a empresa)”, contou Pedro Leite.

Na ponta do dedo

A partir de uma necessidade observada pelos sócios de uma empresa de tecnologia, surgiu um aplicativo destinado a oferecer “tudo o que o iFood não faz”, segundo Leonardo Rocha, um dos criadores do Peça Fácil, lançado há cerca de dois meses. A proposta é realizar parcerias com fornecedores, que recebem as demandas através do app. “É um delivery de serviços do dia a dia, trazendo o pedido de forma mais cômoda”, explicou Leonardo.

Peça Fácil

Com as dificuldades que tinham de comprar água para o escritório, eles fizeram uma pesquisa e constataram que menos de 50% das ligações se concretizavam em pedidos do tipo. Os motivos apontados pelos clientes iam da inexistência do número discado (38%) ao não atendimento da ligação (13%), além do número estar ocupado (6%).

Criado o aplicativo, a ideia se expandiu e oferece até serviços de despachantes. Em breve, garantem os sócios, o Peça Fácil contará com chaveiro 24h, troca de baterias para carro, banho e tosa de pets, guincho 24h e diarista, entre outros.