Próximo ano, em 2017, a emblemática canção “Asa Branca”, do pernambucano Luiz Gonzaga, completa 80 anos de sua composição. Nas mãos de Gonzaga, o forró rodou o País e consagrou o ritmo no mundo todo. Ao longo de quase oito décadas, desde que surgiu e se espalhou pelas mãos do Rei do Baião, o estilo musical, que é um dos principais símbolos do Nordeste, passou por transformações em sua forma de ser produzida e degustada. A sanfona, o triângulo e a zabumba ganharam elementos musicais do axé, pop e eletrônico. As produções passaram a levar aos palcos algo além do trivial. São mais músicos, mais instrumentos, dançarinos e até um zelo a mais pelo visual.
Para alguns pesquisadores do tema, essa mudança pode ser dividida em algumas etapas: Forró Tradicional (encabeçado por Luiz Gonzaga), Forró Universitário (com Elba Ramalho, Zé Ramalho e Alçeu Valença), Forró Eletrônico (com a entrada do Mastruz com Leite e outras bandas) e Forró Ostentação (com a entrada de Aviões e posteriormente de Wesley Safadão).
História do Forró
O Rei do Baião
Acompanhado de sua sanfona, zabumba e triângulo, o Rei do Baião, como é conhecido Luiz Gonzaga, levou a alegria das festas juninas e do forró pé-de-serra ao resto do País. Em suas músicas, falou sobre a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o Sertão Nordestino.
O Rei do Rítmo
Cantor e compositor de forró e samba. Tem influências no baião, xote, xaxado, coco, arrastapé, quadrilha, marcha, frevo, dentre outros. Fez da música um instrumento para falar sobre o Sertão.
Trio do Forró
Com sua primeira formação em 1957, o trio foi apadrinhado pelo compositor baiano Gordurinha e nomeado por Luiz Gonzaga. Outra grande referência no Forró.
Exímio Sanfoneiro
Exímio sanfoneiro, Domiguinhos era compositor, cantor e um grande músico brasileiro. Teve como mestres Luiz Gonzaga e Orlando Silveir, sendo a sua formação musical influênciada pelo baião, bossa nova, choro, forró, xote e jazz.
Décadas de 70 e 90
Traz características do forró tradicional com elementos de MPB e pop. Artistas têm grande importância para o cenário musical brasileiro.
Forró Eletrônico
Uma das principais bandas de forró do Brasil. Na década de 90, a banda tornou-se um símbolo do ritmo no País e no mundo. Teve um "dream team" de cantores, com Bete Nascimento, Kátia Cilene, Aduílio Júnior e França. No repertório estão sucessos, como: "A Praia", "Noite Fria", "Meu Vaqueiro, Meu Peão", "Rei do Baralho", entre outras.
Forró Eletrônico
Com mais de 20 anos de carreira, a banda, assim como Mastruz com Leite, é uma das mais bem sucedidas no gênero. Entre os principais sucessos estão: "Meu Tesão é Você", "Me Usa, Adoro", "Apaixonada", "Fonte dos Desejos", "Animal Faminto", entre outros.
Forró Eletrônico
Sucesso na voz de Batista Lima durante os anos 90 e início dos anos 2000, a banda tem como característica uma liguagem mais moderna, incorporação de instrumentos como o teclado eletrônico. Shows começam a ganhar visual mais elaborado.
Forró Eletrônico 2ª geração
Uma das maiores bandas de forró do Brasil e do mundo. Encabeçada por Solange Almeida e Xand Avião, preserva as características do forró eletrônico sendo mais estilizado. A banda, por onde passa, é sucesso garantido.
Forró Eletrônico 2ª geração
Com estilo diferente, grande presença de palco e talento, Wesley Safadão vem conquistando o País e o mundo com sua batida diferenciada. Fez parcerias com cantores de sertanejo, axé, sendo até referenciado pela música eletrônica.
Com 21 anos de carreira, desses 15 no Mastruz com Leite e outros 6 em carreira solo, Bete Nascimento foi uma das responsáveis por eternizar músicas e embalar milhares de casais apaixonados por todo o Brasil, com os hits “A Praia”, “Amiga Lua”, Lição de Vida”, entre muitas outras. Para a cantora, Luiz Gonzaga foi o percussor do estilo, que ganhou novos caminhos.
“Luiz Gonzaga teve grande importância para todos os cantores de forró. O estilo começou com ele e foi ele quem fez ficar conhecido no mundo todo. Pra mim, particularmente, ele teve grande influência. Ele levou um pouco da nossa terra, da nossa cultura para fora. Qualquer cantor, independente do estilo, sabe quem foi e as composições do Rei do Baião. Eu acredito que o forró teve três grandes fases. A primeira com Luiz Gonzaga, depois Dominguinhos, Trio Nordestino, com o forró tradicional, o autêntico pé-de-serra. Depois, acho que a gente com o Mastruz com Leite, nos anos 90, inovou, demos um up, uma modernização no ritmo. Por último, acho que o Aviões do Forró foi outra grande mudança, um divisor de águas. A pegada mudou, as letras ficaram mais ousadas. E agora, temos o forró da curtição, da ostentação, com o Wesley Safadão. Então, eu acho que existe sim esse divisor de águas”, destaca Bete Nascimento.
Além das mudanças, com a inclusão de novos instrumentos e uma pitada de outros estilos, o ritmo ganhou novas formas de produzir e vender. “Antigamente, não tinha tanta concorrência no forró. O Mastruz fez sucesso numa época que não havia internet, mas tinham poucas bandas para concorrer. Não existia uma visão artística do visual antigamente. Nós tínhamos que subir no palco com uma pochete, o celular pendurado aqui. Hoje as produções são melhores, tem uma preocupação com as roupas, com o figurino dos músicos. Há um mercado louco para patrocinar, naquela época não tinha. Hoje um artista pode se vestir do bom e do melhor e não gastar um real. Antes, mal tínhamos tempo para pensar e ensaiar as coreografias. A Kátia é quem, muitas vezes, tinha as ideias e ia fazendo. É mais fácil fazer uma produção de CD e DVD. Antes eramos guerreiros, se nadava contra a maré”, pontua Bete.
Para Kátia Cilene, que compôs o “dream team” do Mastruz ao lado de Bete Nascimento, Aduílo Júnior e França, nos anos 90, hoje em dia o sucesso pode ser mais passageiro. “Acho que a dificuldade hoje é se manter. Se você não estiver todo dia inventando uma coisa diferente, não estiver sempre pensando em algo inovador, você não se destaca. Hoje está todo mundo querendo se manter no mercado. Eu acho que hoje é mais complicado pela concorrência. Se for uma música boa, ela vai durar para sempre, claro. Mas as coisas acontecem hoje bem mais rápido. Naquela época, tínhamos que fazer trabalho em rádio, TV, para as musicas poderem chegar. O Mastruz gravava três, quatro CDs por ano. Quando a gente chegava no Rio, em São Paulo, eles ainda estavam no primeiro CD, as coisas demoravam muito mais a chegar. As redes sociais ajudam muito. Naquela época não tínhamos internet”, diz a cantora, que agora inicia um projeto solo, com o especial “Simplesmente Kátia”.