Texto: Jacqueline Nóbrega Publicado em 13.11.2017

A opção de casar em uma igreja com centenas de convidados e organizar uma festa de recepção em um buffet para familiares e amigos parece atrair menos os casais de noivos. Não que tenha deixado de existir, pelo contrário, mas os destinos no exterior se tornaram uma nova opção a ser considerada. Uma festa intimista, ou não, em um cenário paradisíaco e em um local que faz parte da história dos noivos se tornou a receita para o sucesso.

Lívia Pessoa e Ronaldo Ribeiro Filho escolheram selar a união, no último dia 12 de setembro, em Bérgamo, uma cidade pequena da Itália. Em sete meses tudo foi organizado. Os dois viraram Senhor e Senhora no Castello di Marne, um antigo castelo medieval onde moraram famílias nobres. A cearense conta que o casal optou pelo destino por amar a cultura italiana.

Lívia e Ronaldo amam a cultura italiana, por isso decidiram selar a união na Itália FOTO: REPRODUÇÃO / INSTAGRAM / ARQUIVO PESSOAL
O ponto positivo de casar em outro país é que a festa fica diferente e inesquecível. Os convidados se envolvem mais e todo o grupo curte a viagem. O ponto negativo é que nem todos os convidados conseguem comparecer, virando assim um mini wedding
Lívia Pessoa, empresária

"Tenho tios que moram na cidade e em uma viagem com o meu marido para visitá-los ficamos encantados com o lugar e pelo castelo", disse a jovem, que é sócia de uma agência de publicidade em Fortaleza.

Em fevereiro deste ano, resolveram todas as pendências na Itália para se casar meses depois. Lívia explica que o atual dono do castelo é especializado em festas de casamento e sua equipe fornece tudo para os noivos. Desde cerimonialista à decoração, além de estrutura, buffet e até mesmo fogos de artifício. O DJ e o fotógrafo foram contratados por fora. "A filha do dono do castelo ganhou o MasterChef Itália e ela assinou todos os pratos servidos na festa. Foi a melhor comida que já comi em toda a minha vida".

70 convidados viajaram para acompanhar o casamento de perto FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Quando a cerimônia for em outro país, Lívia orienta avisar aos convidados com um ano de antecedência e fazer um Save the Date para deixar registrado a cidade, hora e dia

A cearense de 27 anos frisa que o casamento na Itália é bem diferente do que conhecemos no Brasil. A festa é mais romântica e intimista, por exemplo, e os lugares são marcados. "Eles usam porcelanas e cristais finíssimos e seguem o ritual da tradição italiana".

No total, 70 convidados acompanharam de perto a nova fase do casal. No entanto, Lívia fez questão de transmitir ao vivo a cerimônia em suas redes sociais para quem não pôde estar presente. Quem viajou até o local amou a ideia. Ela não sentiu resistência dos convidados. "Quem viajou, aproveitou para conhecer outras cidades da Europa. Recebemos muitos elogios pela escolha de Bérgamo, que é uma cidade belíssima e pouco conhecida no Brasil".

O vestido de noiva foi desenvolvido em Fortaleza; um modelo sereia coberto por renda, tule e pérolas. "A Itália, durante o dia, não faz frio, então fizemos de alça e costas nua e um véu bem comprido para dar bastante elegância ao traje. Quando anoiteceu e a temperatura baixou, tirei o véu da cabeça, refiz o penteado com um belo coque e coloquei o véu como uma echarpe. Fiquei aquecida, confortável e deu uma mudada no visual". O noivo optou por um terno Versace, comprado em Milão. Tanto ele como o pai da noiva e alguns padrinhos escolheram uma gravata borboleta, já que o acessório é tradicional na Itália.

O padre escolhido para realizar a cerimônia religiosa é italiano, mas mora no Brasil e fala português fluente. Ele estava no país para visitar a família e calhou de conseguir realizar o casamento. A música "Trem bala", de Ana Vilela, foi a escolhida para o momento da troca de alianças. Duas sobrinhas do casal também cantaram na cerimônia.

Para quem também pretende realizar uma cerimônia no exterior, Lívia orienta avisar aos convidados com um ano de antecedência e fazer um Save the Date para deixar registrada a cidade, hora e dia. "O ponto positivo de casar em outro país é que a festa fica diferente e inesquecível. Os convidados se envolvem mais e todo o grupo curte a viagem. O ponto negativo é que nem todos os convidados conseguem comparecer, virando assim um mini wedding".

Experiência única

A cearense Roberta Ary casou-se com Dico Carneiro Neto na cidade portuguesa de Sintra, em um resort de luxo, o Penha Longa Resort, em setembro deste ano. Ela contou que sempre sonhou com um casamento fora do comum e, depois de ir a um matrimônio no local, de uma prima, e pela facilidade para os convidados, decidiu pelo destino. "Dentro do hotel eles dispõem de vários ambientes para a festa, incluindo um mosteiro, onde foi realizada a cerimônia".

Roberta e Dico optaram por casar em um resort, em Sintra FOTO: ARQUIVO PESSOAL

A administradora contou que precisou viajar para Portugal duas vezes, para que tudo fosse organizado. Na primeira viagem, visitou vários locais, até decidir-se pelo resort. Roberta pontua que existem diversas opções de locais para fazer casamentos, o que a deixou, inclusive, em dúvida. Na segunda vez, já decidida pelo local ideal, fez a degustação das comidas, contratou fotógrafo e outros fornecedores. Georgia Sabóia, da Triart Eventos, que faz decoração de festas em Fortaleza ao lado de Aléxia Fontes, reside em Portugal. Foi ela a responsável pela decoração do casamento de Roberta e Dico. "A Georgia foi meu braço direito. Ajudou-me em tudo, do começo ao fim. A decoração ficou 100% a cargo dela! Ela é maravilhosa, e confio nela de olhos fechados". A noiva cearense também contratou uma cerimonialista portuguesa, para lhe auxiliar com outros detalhes mais específicos.

Em Portugal, o casamento é composto por vários momentos: cerimônia, coquetel, jantar e festa FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Ela pontua que a mãe e a irmã ainda lhe deram suporte para decidir outros detalhes. Sobre os convidados, frisa que a aceitação foi positiva, além de ser um motivo extra para viajar. "É uma tendência casar no exterior. Aqueles casamentos imensos... Acho que até já passou um pouco. Eu sonhei com poucas pessoas e queridas, num lugar diferente. É maravilhoso e único", declara.

Para a festa em Portugal, o casal levou a banda, brownies, bem-casados, caixetas de doces e toda a papelaria do Ceará

A administradora ressalta que é muito importante ter uma pessoa do Brasil para ajudar nos preparativos, pois apesar do idioma similar, a cultura portuguesa é diferente. "O casamento é composto por vários momentos distintos e isso me encantou. Depois da cerimônia, tem 1h30 de coquetel no jardim. Depois todos subiram para um salão, onde foi servido um jantar à francesa, ao som de jazz, e depois fomos a outro salão, onde teve a valsa e a festa com DJ e banda".

Roberta comprou o vestido que usou em Miami e o noivo optou por um terno Ricardo Almeida, feito sob medida em São Paulo. Ambos os trajes foram transportados para Portugal sem nenhum problema. Ela também levou um DJ do Rio de Janeiro para a festa e a banda São 2, de Fortaleza, além de brownies, bem-casados, caixetas de doce e toda a parte de papelaria do Ceará. "Por mais que tenhamos que desapegar e não seguir os mesmos padrões, é muito diferente o estilo no exterior. Então acho muito importante contar com alguém daqui que você confie".

"O único ponto negativo é que nem todas as pessoas importantes podem ir", finaliza Roberta.

Dica de quem faz

Roberto Alves é cerimonialista em Fortaleza e foi o escolhido pelos cearenses Laime Paz e Lucas Câmara, que se casaram em outubro, em Sintra, para assessorar seu casamento. Foi a primeira experiência do profissional com um evento no exterior. Ao Diário do Nordeste, ele contou que sua função foi auxiliar o casal em todas as fases da festa: desde a escolha da locação, definição dos profissionais a alinhamento dos serviços, como cerimonial e execução do evento em si. Ele pontua que a principal dificuldade de um casório em outro país é a definição do espaço onde será a festa;

O ponto positivo, segundo Roberto, é que o evento se torna uma miniférias para os convidados. "As pessoas se permitem até esticar um pouco ou mesmo chegar antes para conhecer outros lugares". A organização do casamento foi feita em parceria com Triart. Roberto ressalta que as noivas que pensam na possibilidade de casar em outro país devem começar os preparativos de 10 a 12 meses de antecedência. Ele também reforça que esse estilo de evento está em alta entre os noivos. "Acredito que, além de um casamento, os noivos proporcionam uma viagem única, um encontro feliz entre amigos e familiares".

@robertoalvess

Destino alternativo

Lívia Facirolli e Rafael Capobianco, por sua vez, resolveram ir para os Estados Unidos para casar. A cerimônia dos dois, que aconteceu em junho deste ano em Nova York, destino favorito da dupla, viralizou e acabou fazendo sucesso nas redes sociais pela pegada rock'n'roll dos noivos. Em entrevista ao Diário do Nordeste, Lívia, que reside em São Paulo e é designer de sapatos da marca Santa Lolla, contou que 55 convidados acompanharam o casamento de perto. Seis meses antes, enviaram o Save the Date. O convite foi enviado dois meses antes do grande dia. No entanto, mais uma surpresa especial: o "convite" era, na verdade, um guia com dicas sobre a cidade feito a dedo pela dupla.

Os convidados adoraram! Ficamos felizes com a reação, pois é um esforço maior a programação de uma viagem e o deslocamento deles até outro país para o nosso casamento
Lívia Facirolli, designer de sapatos

Como não são religiosos, mas sabem da importância da cerimônia, convidaram um amigo do casal que acompanhou a história dos dois para celebrar o momento. Tanto o casamento em si como a recepção aconteceram no mesmo local, no Ramscale Studio, um rooftop com vista para a cidade. Eles ainda tiveram um "after party" em um hotel. "Os convidados adoraram! Ficamos felizes com a reação, pois é um esforço maior a programação de uma viagem e o deslocamento deles até outro país para o nosso casamento. Contar com essa comoção de todos tornou tudo mais especial".

Ao invés de mandar um convite, o casal fez uma lista com os lugares que os convidados deveriam visitar em Nova York FOTO: ARQUIVO PESSOAL

A designer explicou que no início os dois fizeram tudo sozinhos. Viajaram para os Estados Unidos para escolher os fornecedores, mas em certo momento precisaram contratar uma assessoria para auxiliá-los.

O casamento de Lívia e Rafael fez sucesso nas redes sociais FOTO: ARQUIVO PESSOAL

O vestido da noiva, que na verdade era um body e duas saias, foi desenvolvido pela Tanden. Outro detalhe que fugiu do comum foram as jaquetas de couro que a dupla usou para sair da cerimônia, ambas personalizadas. "A minha jaqueta mandei fazer sob medida. Desenvolvemos o logo para fazer a arte nas costas e pedimos para uma pessoa especializada pintar a minha. A do Rafa, como compramos pronta em Nova York, nós mesmos customizamos no chão do quarto do hotel no dia anterior ao casamento".

Lívia afirma que, apesar de parecer complicado, casar no exterior não é tão difícil assim. Basta organização. Ela frisa que vale muito a pena. "É muito especial casar em um lugar diferente que significa algo para o casal". Outra vantagem é que a lista, uma das partes mais difícil, é facilmente diminuída. "Estávamos buscando algo mais simples e intimista".

Aniversário de 10 anos

Regina Alice e Danísio se casaram em Paris, em setembro de 2007 FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Devido a uma relação especial que o casal tem com a cidade, antes mesmo de casar no exterior ser uma tendência, Regina Alice Arruda e Danísio Correa decidiram selar sua união em Paris, em setembro de 2007, na Igreja de Saint Sulpice, a segunda maior da cidade, após a famosa Notre-Dame.

"Escolhemos casar em Paris por dois motivos. O primeiro é que amamos a cidade. O segundo é que ficamos os dois viúvos e queríamos um casamento simples. Se fosse em Fortaleza, teríamos muito convidados", explica Regina Alice.

Apesar de a cerimônia religiosa ter acontecido há 10 anos na França, os dois já eram casados no civil. O evento aconteceu no fim da tarde e o casamento foi realizado em francês. "Não há diferença entre a cerimônia brasileira e a francesa, mas para mim a francesa é mais bonita, pois foi mais solene e realizada em francês".

"Paris é a cidade mais romântica que eu conheço. Casar em Paris é o máximo de romântico", acrescenta ela.

Este ano, no último dia 10 de setembro, o casal voltou ao destino para comemorar o aniversário de 10 anos de casamento. Eles assistiram a uma missa na mesma igreja e depois foram jantar no mesmo local que celebraram a cerimônia, anos atrás, o restaurante "Le Procope".