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Texto: Aline Conde e Jacqueline Nóbrega Publicado em

O crescimento da cinofilia no Ceará é tão expressivo que este ano acontece em Fortaleza a edição 2018 da Américas y El Caribe, entre os dias 31 de maio e 3 de junho, no Centro de Eventos do Ceará. É a primeira vez depois de 17 anos que a exposição volta ao Brasil. O evento, um dos maiores da cinofilia mundial, acontece uma vez por um ano, em um único país afiliado por vez, reunindo cães de toda a parte latina do continente americano. O objetivo é comparar raças e criações de vários países, julgado por árbitros renomados de diversas partes do mundo.

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No entanto, você sabia que existe uma equipe de veterinários por trás dos cães que participam de exposições caninas? E que é um profissional, chamado handler, que cuida e prepara os cachorros antes de eles competirem? São eles que avaliam em quais pontos os bichos precisam melhorar para ganharem pontuações melhores. Você sabia também que nas exposições os árbitros avaliam quesitos como cor e marcações da pelagem, estado do pelo, dentadura e coloração da mucosa e gengiva dos cães?

Nosso País também tem uma Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), principal entidade da cinofilia nacional, que é membro federado da Fédération Cynologique Internationale (FCI). A entidade é a única com um calendário de exposições que abrange todo o território nacional, por isso seu ranking se torna o mais importante para os criadores. No site da Confederação, já é possível ver os resultados finais do Ranking CBKC 2017 do Top 10 criadores e Top 5 criadores de cada raça. No Ceará, o Kennel Clube do Ceará é quem representa a CBKC.

O Brasil é o 3º lugar no ranking de registros de cães

O Diário Plus conversou com criadores de cães que participam de competições e com donos de canis que preparam seus cachorros para essas competições ao redor do Brasil para descobrir os bastidores da cinofilia.

Daniel Uchôa afirma que os cães precisam gostar de se apresentar em exposições Foto: Nilton Novaes

Nas competições, os juízes observam uma série de detalhes nos cães, de acordo com o padrão de cada raça. O membro da diretoria e veterinário do Kennel Club, Daniel Uchôa, destaca que o animal não pode ter menos ou mais do que os padrões exigidos, já que isso acarreta diminuição da pontuação nos eventos.

O veterinário explica que toda a estrutura do animal é verificada. "Quando ele anda e corre os juízes verificam a harmonia da movimentação do animal, porque cada raça tem uma movimentação específica. Eles analisam se o trote do animal está correto ou, por exemplo, se o bicho está mancando ou com algum problema postural".

Os juízes, nas competições, também observam as proporções do animal quando ele está parado. "É para saber se ele é harmônico ou não. Eles olham dentição do animal e até a cor do olho, para saber se está correta", diz.

Se o animal se aproximar o máximo possível do padrão, vencendo os demais competidores, ele é denominado de "campeão de raça". O veterinário ainda destacou quais são as vantagens do título de vencedor. "Os donos não ganham dinheiro do evento, mas os descendentes dos animais são vendidos por um valor mais alto, porque a pessoa vai poder explorar por saber que o criador é filho de um campeão. Então, por exemplo, se normalmente ele vendia um cachorrinho por R$ 3 mil, após vencer uma competição, é possível vendê-lo por R$ 6 mil", explica o membro do Kennel Clube do Ceará.

Daniel ressalta ainda que o cão precisa gostar de se apresentar, porque este quesito também é analisado. "Se você colocar a guia e o cão baixar a cabeça e não se mostrar, ele não vai ter um bom resultado. Então, o cão de exposição tem que mostrar que gosta de exposição, tem que balançar o rabinho e se mostrar feliz".

Para participar de competições, o animal precisa ter o pedigree da raça, que garante que o animal é puro, ou seja, possui pai e mãe da mesma raça.

Daniel também cria animais, sendo dono de 30 bulldogues franceses. Cinco vivem com o próprio veterinário, dois vivem com um handler, e os demais moram na casa de um amigo. Além disso, ele já criou boxer, inclusive é seu o melhor boxer do Brasil em 2002.

O Chow Chow cujo Daniel Uchôa é veterinário venceu como o melhor da raça em 2017 Foto: Odijas Frota

Recentemente, um dos cachorros que passa pelos seus cuidados como médico venceu várias competições: o melhor cão da raça Chow Chow em 2017. "Ele foi participando de vários eventos e, somados os pontos no Brasil, foi o melhor do País", revela.

Terapia e amor pelos bichos

Giselle Mesquita cria cães das raças Australian Sheperd, Golden Retriever e Corgi. Na parede, uma homenagem ao cão que viveu 14 anos com a criadora Foto: JL Rosa

Basta uma conversa de poucos minutos com a psicóloga e enfermeira Giselle Mesquita para ver em seus olhos a paixão pelos animais, em especial pelos cães das raças Australian Sheperd, Golden Retriever e Corgi. Ela é proprietária do Dog Society Club Resort, um hotel para cachorros, localizado no Eusébio, e do canil Forest Spirit, que fica localizado no mesmo endereço, além de ser o nome por trás do Instituto Cão Vida Lui, um projeto sem fins lucrativos que busca promover atividades sociais e terapêuticas mediadas por cães.

Foi a terapia, aliás, que culminou na abertura de seu canil. "Sempre tive cachorro, desde criança. O cão que ficou mais tempo comigo durou 14 anos, morreu ano passado. Era um labrador. Na verdade, a criação começou sem querer. Sou psicóloga e trouxe de São Paulo um Golden para preparar para a terapia e eu me apaixonei pela raça. Comecei a criar, trouxe uma fêmea. Hoje eu tenho sete cães da raça Golden. Foi aí também que eu conheci o Australian, vi uma foto e enlouqueci. Comecei a pesquisar e achei quem tinha trazido para o Brasil, uma criadora brasileira que tinha morado nos Estados Unidos. Fiz amizade, ela é uma senhora de 80 anos hoje que me passou toda a linha de sangue dela".

Em Fortaleza, Giselle é a única criadora da raça Australian Sheperd. No total, ela tem 24 cachorros em seu canil: sete Golden, 14 Australian e três Corgi, além de um quarto a caminho, proveniente dos Estados Unidos. O Corgi, aliás, é conhecido como o cachorro da Rainha Elizabeth II e tem feito sucesso após aparecer na série da Netflix "The Crown".

"A primeira coisa que o criador tem que fazer quando for começar um canil é escolher uma boa matriz e um bom padreador. Por exemplo, quando eu fui iniciar a criação do Australian, vi cães sendo vendidos por R$ 2 mil. Quando essa senhora me ofereceu por R$ 6 mil, eu pensei 'é esse', porque eu vi que estava comprando qualidade. No meu contrato, quando eu vendo um filhote, sempre coloco que estou vendendo um cão de companhia, porque eu não posso dizer que ele vai ser um excelente padreador. Ele é um filhote lindo e diferenciado de todos, mas é uma promessa. Não tenho como confirmar. O ideal é que você compre uma matriz ou padreador a partir de seis meses", orienta Giselle.

A psicóloga ainda fala sobre a diferença entre o "cachorreiro" e o criador. "O 'cachorreiro' ganha dinheiro e o criador gasta. O 'cachorreiro' bota dois cães para cruzar, sem fazer exame prévio, não se preocupa. Nasceu, vive ali do jeito que der, aí ele vende e aquilo é lucro. O criador faz exame de sangue antes, espera para fazer exame de displasia coxofemural, faz ultrassom pra confirmar a gestação e parir e inseminação. Então tudo isso é uma demanda muito grande".

A criadora também explica que, para os cães participarem de exposições, ele é analisado desde filhotinho. Quando enxerga potencial, ela diz que ainda tem um cuidado maior, como por exemplo, investir em cremes. "Para mim, do meu mais velho ao mais novo, todos comem da melhor ração. Eu não faço diferença. Todos dormem no ar condicionado. Para ir para exposição, aí é condicionar o cão para a pista, trabalhar pelo, com afetividade e sociabilização. E quando o chega o dia da apresentação, você fica lá torcendo. É igual a um filho em um campeonato de natação ou coisa parecida". Giselle diz ainda que acredita que sete cães de seu canil irão participar da Américas y El Caribe.

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Para manter um cachorro preparado para participar de exposições, se ele for saudável e tiver todas as vacinas, a psicóloga diz que o gasto mensal é de R$ 400. No entanto, para manter o canil com todos os cães, ela revela que o gasto é de R$ 10 mil por mês.

Os cachorros têm um efeito modificador que as pessoas não se deram conta ainda. Eu digo que é o único amor incondicional que existe no mundo".
Giselle Mesquita

Giselle ainda conta que vende os filhotes de Australian por um valor que varia entre R$ 4 mil e R$ 4.500. "Eu mando para São Paulo, para o Rio e já mandei para Natal. O Australian tem quatro cores diferentes e tem gente que escolher a cor", conta sobre a procura pela raça. Ainda não nasceram filhotes do Corgi no canil da psicóloga, mas ela revela que em São Paulo o filhote da raça é vendido por R$ 8 mil a R$ 9 mil. O preço alto é justificado porque a raça já quase foi extinta e existem poucos criadores no Brasil. "É uma raça que dificilmente consegue cruzar naturalmente. Geralmente, os filhotes nascem de cesária. O custo é sempre maior e até porque, por ser cesária, não irão nascer muitos filhotes como a cadela que tem o parto normal". Já o Golden é vendido por cerca de R$ 2.500.

A criadora ainda falou sobre o Instituto Cão Vida Lui, que é sua "menina dos olhos". Após fazer cursos fora do Estado e adestrar o primeiro Golden, ela começou somente com um cão, no Hospital do Câncer Infantil, onde fazia terapia assistida toda semana. Depois ela começou a trabalhar com pacientes com depressão, e, em seguida, a treinar outros cachorros dela para se tornarem cão-terapeuta. O Instituto também trabalha hoje com crianças com espectro autista. "A gente socializa muito o cão desde filhote. Ele vê cadeira de rodas, guarda-chuva, máscara, nós batemos na grade, derrubamos cadeira. Os cães veem gente de todo jeito, para não se assustarem. O mais importante é socializar e o treinamento é o básico, de obediência. O cão tem que ter prazer de estar no trabalho, o bem-estar dele vem em primeiro lugar".

O Instituto é minha vida, o resto é diversão"

"O cão é o facilitador, ele não é o terapeuta. Na verdade, a gente o utiliza para facilitar a comunicação, para fazer com que a pessoa fique mais relaxada, para trazer memórias do paciente e você trabalhar em cima disso. Às vezes, tenho paciente depressivo que, quando pega no cachorro e começa a fazer carinho, fala com muito mais fluidez do que se tivesse só eu e ele. É como se o cachorro fosse um apoio. Da minha última ninhada de Golden, todos eles, menos um, foram para apoio emocional, criança com espectro autista. A ninhada passada de Australian minha foi para uma pessoa com síndrome de pânico. Você vê a mudança que o cão fez na vida dessas pessoas. Eles têm um efeito modificador que as pessoas não se deram conta ainda. Eu digo que é o único amor incondicional que existe no mundo".

Criadora há 26 anos

Sueli Cordeiro conta que o amor pelos bichos vem desde a infância, já que toda a sua família gosta de animais. Há 26 anos, ela e Alexsandro Cordeiro criam cães da raça fila brasileiro no canil Faruck do Maranguape. A criadora relembra que ganhou o primeiro cachorro assim que se casou. "A raça é maravilhosa, rústica, forte, além de ótima convivência com as crianças. Quem tem um fila brasileiro sabe o que é estar bem acompanhado, porque além da boa companhia, tem a proteção e fidelidade aos donos", declara.

Alexsandro e Sueli Cordeiro são os donos do canil Faruck do Maranguape Foto: Arquivo pessoal

Atualmente o canil reúne 21 cães, sendo cinco machos e 16 fêmeas. Ela ressalta que tem cães de sua criação em 14 países. "Vendemos filhotes para todo o Brasil e exterior. O valor do filhote varia conforme sexo e idade, mas custa a partir de R$ 3.000".

Sueli ressalta algumas peculiaridades da raça, como precisar de um bom espaço para viver. "A boa alimentação é essencial para o seu desempenho. Um cuidado que a raça precisa é com o local onde vive, não é indicado piso liso para a criação de um fila brasileiro, devido ao seu peso e estrutura. O cachorro pode ser prejudicado vivendo em um local inadequado".

A criadora é honesta ao revelar que seus cães não precisam de cuidados especiais para participarem de exposições, já que é uma raça de pelagem curta. Eles se alimentam de uma ração premium, o que ajuda a manter a pelagem em ótimo estado. "A única preocupação é com caminhadas frequentes e treinos para estarem preparados a entrarem em pista em contato com outras pessoas e cães de variadas raças. Já participamos de muitas exposições. Temos inúmeros títulos, entre eles, jovem campeão mundial. Iremos para Américas y El Caribe com alguns exemplares representando nossa criação", finaliza Sueli.

Casal manda fazer quarto para cachorros

Angélica Miranda e Benon Linhares, do canil Bennetag's Kennel, têm oito cães da raça chihuahua, a maioria participando de competições constantemente. Inclusive, os cachorrinhos do casal já ganharam várias disputas em diversos países, como Peru, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e no próprio Brasil.

Chihuahuas de Angélica e Benon já venceram diversas competições na América Latina Foto: Nilton Novaes

Por morarem em apartamento, eles escolheram criar uma raça pequena. "Vi que a raça chihuahua é a menor do mundo e que eles se adaptam bem em apartamentos, pois necessitam de poucos exercícios, além de serem excelentes cães de alerta e companhia. São também totalmente dedicados ao tutor, protetores, higiênicos e saudáveis", comenta Angélica.

O amor pelos cães é tão grande que eles construíram um quarto somente para os cachorros, com a finalidade de proporcionar conforto para os bichos. "Durante o dia, eles ficam soltos com livre acesso a todo apartamento. Na hora da alimentação cada um vai para sua casinha e fica até comer toda a ração. Todos dormem no seu espaço privativo, no quarto que é todo climatizado e com isolamento acústico", explica.

Mesmo com todo esse investimento, Angélica revela que o retorno financeiro não existe e que eles criam os chihuahuas porque gostam. "Gastamos bem mais do que recebemos com a venda de um filhote. Criamos porque adoramos a raça. Para nós, é apenas um hobby, temos ninhada eventualmente", diz Angélica, listando ainda os gastos com os cachorros: vacinas, exames de rotina, banhos, pré-natal, exames de sangue, ultrassom e cirurgia cesariana, ração premium, água mineral, frutas e petiscos.

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Mesmo com todo esse investimento, Angélica revela que o retorno financeiro não existe e que eles criam os Chihuahuas porque gostam. "Não temos retorno financeiro, gastamos bem mais do que recebemos com a venda de um filhote, criamos porque adoramos a raça. Para nós, é apenas um hobby, temos ninhada eventualmente", diz Angélica, listando ainda os gastos com os cachorros: vacinas, exames de rotina, banhos, pré-natal, exames de sangue, ultrassom e cirurgia cesariana, ração prêmio, água mineral, frutas e petiscos. Além desses, ela também cita os gastos com as viagens para participar das exposições.

Paixão por Buldogue francês

Thalles Gomes é o nome por trás do canil I&T Bulls, especializado na raça Buldogue francês. Cachorros sempre fizeram parte da vida do zootecnista, que conta que ganhou um bicho SRD (sem raça definida) do pai na infância. Anos depois, em 1998, iniciou uma criação de cães da raça American Pitbull Terrier. Em 2011, ao visitar o canil de um amigo, deu de cara com um cãozinho baixinho, de cara amarrada, e logo se apaixonou.

Thalles Gomes já teve uma criação de cães da raça American Pitbull Terrier, mas se apaixonou mesmo pelo buldogue francês Foto: Arquivo pessoal

"Foi amor à primeira vista. Esse amigo estava iniciando a criação de Buldogue francês e logo me inclui na lista de espera por um filhote. Estava tão ansioso que no dia que ele nasceu eu corri para ver a ninhada. Foi assim que iniciei a minha paixão por Buldogues franceses e fui adquirindo novos exemplares".

O criador pontua que a raça é muito dócil com adultos e crianças, extremamente amorosa e muito brincalhona. Por serem cães braquicefálicos, ou seja, possuírem o focinho achatado, eles não são muito adeptos a uma grande carga de exercícios físicos, mas são ótimas opções para serem criados em apartamento ou casa.

A maior diferença entre cães de companhia e de exposição está no tipo de coleira que o tutor utiliza nos passeios, nos cuidados com corte de unhas, escovação do pelo e principalmente a alimentação e os treinos. Nada impede que um cão criado como companhia possa se tornar um campeão nas pistas. Tudo é questão de treinamento".
Thalles Gomes

"Os principais problemas inerentes à raça é que devido ao fato de serem braquicefálicos, eles tendem a inspirar o ar na temperatura em que está, sem a vantagem do focinho longo pra resfriar. Se o ar estiver quente, esse animal pode superaquecer e, na tentativa de reestabelecer a temperatura corporal, o coração começa a trabalhar mais rápido e isso pode sobrecarregar o coração e o cãozinho vir a óbito. Por isso é muito importante tomar cuidado com o horário dos passeios e com uma sobrecarga de exercícios. Outro problema bastante comum à raça são os problemas de coluna, que acometem boa parte dos franceses, pois devido a sua anatomia muito curta e compacta e também a ausência de cauda, esses animais apresentam deformações em algumas vértebras e isso pode se agravar e se tornar um problema mais sério se esse cão for submetido a saltos e pulos tanto para subir em camas ou sofás como para descer. É sempre muito importante atentar para esses cuidados. Apesar desses problemas específicos, são cães bastante resistentes a outros problemas de saúde", alerta o zootecnista.

Atualmente o canil de Thalles tem 10 Buldogues franceses, que são criados em uma instalação segregada à casa da residência do criador. O profissional conta com detalhes como é a criação de um cão que participa de exposições. Ele explica que é necessário que o cachorro receba alimentação balanceada e suplementada com nutrientes e ingredientes que favoreçam a musculatura, pelagem, vitalidade e saúde do animal. "Em alguns casos ocorrem mais duas exposições em um mês, então essa suplementação e alimentação de qualidade é importante para que o cão esteja sempre pronto".

O criador frisa a importância de um veterinário acompanhar o cão de perto. "Tanto no que diz respeito a sanidade, como na parte reprodutiva do plantel. Os animais necessitam também estar sempre com o cartão de vacinas atualizado, principalmente com relação a vacina da gripe, já que em alguns locais e até durante a viagem, são submetidos ao frio do ar condicionado e a presença de vários outros cães". Thalles também fala da parceria com um handler, já que o profissional é importante na escolha de futuros cães para pista, nos treinamentos dos selecionados e na apresentação dos animais nas competições.

O zootecnista ainda aponta a principal diferença entre cães de companhia e cães de exposição. "Está no tipo de coleira que o tutor utiliza nos passeios, nos cuidados com corte de unhas, escovação do pelo e principalmente a alimentação e os treinos. Nada impede que um cão criado como companhia possa se tornar um campeão nas pistas. Tudo é questão de treinamento".

O buldogue francês Bull Ranch MX Ramo Firahs, do canil I&T Bulls, está em São Paulo treinando com o handler para participar da exposição Américas y El Caribe Foto: Arquivo pessoal/Nilton Novaes

Thalles adianta que cinco Buldogues franceses de seu canil irão participar da Américas y El Caribe. Ele pontua que todos os eventos ao redor do Brasil são importantes para o engrandecimento da cinofilia no Brasil, mas destaca uma competição em especial. "Queria destacar a emoção de ganhar o primeiro Best in Show, que ocorreu aqui mesmo no Ceará em um evento do Kennel Clube do Estado do Ceará (KCEC) em que conquistamos o primeiro lugar na exposição com o cão Julius".

"Já participamos de exposições em vários estados brasileiros como Pernambuco, Bahia, Pará, São Paulo, entre outros, e a meta para 2018 é a participação também em eventos fora do País", finaliza o zootecnista.

Canil de dogues alemães tem fila de espera para compra

O dogue alemão tem um convívio tranquilo com toda a família Foto: Odijas Frota

Criadores de cães há mais de 20 anos, o casal de advogados Juliana Régia e Odijas Frota possuem o canil Gigantes do Sertão, localizado no Iguape. Os dois criam cachorros da raça dogue alemão, pastor-belga do tipo Malinois e beagle. Boa parte do canil se destina aos dogues alemães. Atualmente, o casal possui oito da raça. Juliana comenta que existe uma fila de espera de mais de 20 pessoas aguardando para comprar a raça. O valor cobrado é a partir de R$ 2.500.

"Aqui no Nordeste são pouquíssimos os criadores da raça, principalmente os que expõe em eventos, como a gente. Então, a busca e a procura são bem maiores", comenta a advogada, afirmando ainda que as exposições ajudam a divulgar os animais. Um dos cachorros dela já chegou a rodar o Brasil e foi bastante premiado.

A dona dos cachorros comenta que consegue ter duas ninhadas de filhotes por ano e que, cada gestação, pode render de 6 a 15 filhotes. Ela tem o cuidado de fazer uma programação direitinha anualmente. "Não é aleatória, para não repetir o cio da cadela um atrás do outro. Geralmente, tem o descanso da cadela para elas se manterem saudáveis. Por conta disso, eu não tenho filhote direto".

A advogada comenta ainda que o retorno financeiro da criação dos cachorros é bom, apesar de haver muitos gastos com medicação, ração e outros. "Inicialmente, começamos como um hobby, mas hoje o canil mantém parte da renda familiar, porque a gente reproduz e tem muita procura, principalmente pelo dogue alemão".

Uma das principais características do dogue alemão é o crescimento rápido. "Ele pode nascer com 500 gramas e, com 5 meses, ele está com 50 kg", afirma a advogada. Outro aspecto que ela faz questão de ressaltar é a tranquilidade do animal.

O casal possui três filhos, de 1, 3 e 8 anos, que convivem em harmonia com todos os cachorros do canil. "Eles são criados com as crianças, elas brincam com eles, se deitam com os cães. Já estamos acostumados. O João nem sabia andar, mas já brincava com os cães. A raça é muito dócil e protetora, apesar do tamanho", comenta.

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O que o handler faz?

Cães com nomes de celebridades

O fisioterapeuta Ed Laranjeira é o responsável pelo canil Tiny Celebs, em parceria com o seu sócio, Ricardo Almeida. Atualmente o local reúne 20 cachorros da raça Spitz Alemão, também conhecido como Lulu da Pomerânia. "São cães de criação própria, criação nacional e cães importados das melhores linhas de sangue do Canadá, Estados Unidos e Rússia. Todos os nossos cães possuem nome de celebridades, daí vem o nome do canil", explicou Ed.

O criador explica que o investimento para ter um canil é alto e que a maioria dos filhotes que nascem no local são destinados à venda, o que acaba se tornando uma fonte de renda do fisioterapeuta, pois ele vende um animal a partir de R$ 5.500. O valor máximo de venda de um filhote de Spitz Alemão é R$ 17 mil. "Nosso canil produz filhotes para as diversas necessidades do mercado, desde um cão para simples companhia, reprodução ou exposição. O investimento (no canil) é muito alto devido a manutenção do funcionamento de toda estrutura".

O criador Ed Laranjeira posa com filhote da raça Spitz Alemão Foto: Reprodução/Instagram

Veterinários também acompanham os cães, desde a programação do acasalamento, que é estudado com atenção, à vacinação dos futuros filhotes. O handler Kennedy Pim ainda acompanha os cães do canil Tiny Celebs nas exposições ao redor do Brasil.

Por falar em exposição, o fisioterapeuta ressalta que os cães do canil já participaram de tantas exposições, que é impossível contabilizá-las. As últimas foram em Recife e João Pessoa. Ele pontua que vários exemplares do Tiny Celebs participarão da exposição "Américas y el Caribe".

Ed, que comprou seu primeiro Spitz Alemão em 2013, ainda contou algumas curiosidades da raça, que é de origem primitiva e descendente dos lobos e dos primeiros cães domesticados pelos humanos. "A raça foi homologada e reconhecida como de origem alemã, mas, se tem histórico que os primeiros Spitz estavam presentes em todas as regiões geladas da Europa. A raça foi difundida pelo mundo inteiro e hoje se adapta sim facilmente a todo tipo de clima".

Valor de filhote do Spitz Alemão do canil Tiny Celebs varia entre R$ 5.500 e R$ 17 mil

O investidor ainda pontua que os cuidados com o Spitz são os mesmos de qualquer cachorro, no entanto, a raça requer apenas um banho mensal, escovação da pelagem de duas a três vezes por semana, para evitar os nós, shampoo especial e, em casos, raros, uso de condicionador. "O amor incondicional ao dono é a principal característica da raça. A facilidade de manutenção, a elegância dos exemplares de boa linhagem e status também são fatores determinantes para a escolha do Lulu da Pomerânia".

Como ponto negativo, Ed alerta que os cães da raça podem latir muito para estranhos. "O Spitz Alemão também caiu no 'contrabando' de maus intencionados que estão criando e ofertando no mercado cães atípicos e fora do padrão da raça. Milhares de pessoas estão caindo em golpes".

O canil Tiny Celebs foi eleito o 1º melhor criador de Spitz Alemão anão do Norte/Nordeste de 2016 e 2017 e 6º melhor criador de Spitz Alemão anão do Brasil de 2016.

Criação de Rottweiler começou com um cão de guarda

O comerciante Jefferson Novais ainda morava no Piauí quando se mudou de um apartamento para uma residência, percebendo que precisaria de um cão de guarda para proteger a família. "Dentro dos cães de guardas existentes, eu preferi o Rottweiler, em função de ser um cão tranquilo e amigável com a família, e ser um cão muito potente para guarda. É um cão que causa medo em estranhos", revela.

Jefferson Novais possui 17 rottweilers em seu canil. Uma delas é a cadela Vênus, que venceu a competição específica da raça em evento no início de março, na Unifor Foto: José Leomar

Quando decidiu voltar para o Ceará, ele trouxe o canil que já tinha iniciado em Teresina, mas começou a se aprofundar mais ainda no cuidado com a raça. Atualmente, possui 17 cachorros. "Lidar com cães é maravilhoso. Eu gosto, amo, é um hobby, na verdade" afirma Jefferson, que mora em Pacatuba, local onde está localizado o Canil Aratanha.

Com cinco cachorros, ele participou recentemente da exposição Especializada da Raça Rottweiler, que aconteceu no começo de março na Universidade de Fortaleza (Unifor), e venceu nas categorias "Melhor Inicial Macho", "Melhor Inicial Fêmea", com dois filhotes, e a cachorra Vênus venceu a "Melhor Fêmea da Exposição Especializada".

Jefferson, que também cria Buldogues francês, pretende concorrer com seis cães na exposição Américas Y El Caribe. Ele reconhece que o investimento para a criação é grande, mas diz que procura encontrar um equilíbrio entre lucro e despesa. "A gente tenta pelo menos empatar porque é um hobby. Se a gente empatar é bom demais", comenta, afirmando ainda que chega a vender um filhote por R$ 2.500.

Quando suas crias vencem em eventos, a satisfação do comerciante é imensa. "É como se fosse um direcionamento, mostrando que eu estou no caminho certo. A gente como criador tem que conhecer o que tem de bom e o que tem de ruim na nossa criação. Toda raça tem um padrão e a gente tenta sempre se aproximar da perfeição, mesmo que não exista cão perfeito", pondera.

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Revista Bem-Estar Animal

A terceira edição da revista Bem-Estar Animal será lançada durante a exposição Américas y El Caribe, no Centro de Eventos do Ceará. A publicação terá uma reportagem especial sobre o evento cinófilo, entrevistas com autoridades em cinofilia, bem como com cinófilos brasileiros que participarão das competições. Serão 4 mil exemplares com informações exclusivas sobre as exposições de cães de raça, artigos de médicos veterinários sobre a saúde dos cães de exposição, nutrição animal e comportamento canino. A revista circula nos principais eventos pet, clínicas veterinárias, pet shops e nas melhores bancas de revista da capital.

Serviço

Forest Spirit Kennel: @forest_spirit_kennel / www.forestspirit.com.br

Faruck do Maranguape: www.facebook.com/pages/Canil-Faruck-Do-Maranguape/299202140247847

Canil Bennetag's Kennel: (85) 98773.2647

I&T Bulls: @thalles.gomes

Gigantes do Sertão: @odijas_gigantesdosertao

Tiny Celebs: @tinycelebs / www.tinycelebs.com

Canil Aratanha: canilaratanha.com.br